Líderes de esquerda da América Latina criticaram o Equador nesta terça-feira (16) durante a reunião virtual da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), e o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou o fechamento da embaixada e dos consulados venezuelanos no país presidido por Daniel Noboa.
Foi uma resposta à operação policial na embaixada mexicana em Quito, na qual o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas foi preso no último dia 5.
“Diante deste aberrante ato de prepotência do presidente
[Daniel] Noboa (…), ordenei o fechamento de nossa embaixada no Equador, o
fechamento do consulado em Quito, o fechamento imediato do consulado em
Guayaquil e o retorno do pessoal diplomático à Venezuela, imediatamente”, disse
Maduro na reunião.
No evento da Celac, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também
criticou a operação da polícia equatoriana.
“Medida dessa natureza nunca havia ocorrido, nem nos piores
momentos de desunião e desentendimento registrados na América Latina e no
Caribe. Nem mesmo nos sombrios tempos das ditaduras militares em nosso continente”,
afirmou Lula.
Outro presidente de esquerda, Gustavo Petro, aproveitou a reunião
da Celac para alfinetar novamente Israel, cuja ofensiva na Faixa de Gaza contra
o grupo terrorista Hamas havia sido chamada de “genocídio” pelo mandatário
colombiano.
“Equador e Israel estão praticamente apertando as mãos na
competição pela barbárie. Convido-os a aprofundar o sistema interamericano de
direitos humanos”, disse Petro.
Na semana passada, a Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou uma resolução que “condena veementemente” a operação da polícia do Equador na Embaixada do México em Quito.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pediu na cúpula virtual para que outros países se juntassem à sua queixa contra o Equador na Corte Internacional de Justiça (CIJ), que pede a “expulsão do Equador das Nações Unidas, desde que não haja pedido de desculpas e uma oferta de não repetição, de nunca mais cometer um crime”.
Glas, que foi vice na gestão de Rafael Correa (2007-2017),
estava na representação diplomática porque havia pedido asilo político ao
México.
Ele havia obtido liberdade condicional após cumprir quatro
anos de uma condenação de oito anos por corrupção e é investigado por desvio de
recursos durante a reconstrução de uma área após um terremoto em 2016. Após ser
preso, foi levado a uma unidade de segurança máxima.
Em carta divulgada na semana passada, o presidente equatoriano, Daniel Noboa, havia dito que tomou “decisões excepcionais para proteger a segurança, o Estado de direito e a dignidade de um povo que rejeita qualquer tipo de impunidade para criminosos, delinquentes, corruptos ou narcoterroristas”. (Agência EFE)