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    Mudança da meta fiscal para os próximos anos preocupa investidores, diz Financial Times

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    A alteração da meta fiscal das contas públicas para os próximos dois anos, que mexeu com o mercado financeiro nesta semana, é vista com preocupação pelos investidores de acordo com uma publicação do jornal britânico Financial Times (FT) nesta quarta (17).

    A publicação ouviu economistas brasileiros que
    apontaram o risco de “escorregões fiscais na maior economia da América Latina”.
    Segundo o FT, a “administração de esquerda” apresentou propostas que diluiriam o
    objetivo anterior de alcançar um superávit primário no próximo ano e em 2026, e
    que isso necessitaria de aprovação do Congresso para prosseguir.

    No entanto, relata o jornal, ministros agora
    pretendem simplesmente equilibrar o orçamento no próximo ano (zero),
    substituindo a meta anterior de que a renda superasse as despesas em 0,5% do Produto
    Interno Bruto (PIB). O governo chegou a apresentar, ainda, uma projeção de alcançar
    um superávit de 1% em 2026, e que foi revista para 0,25%.

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o déficit tem sido um problema estrutural desde 2015, e que o Brasil “está crescendo menos por causa disso. Nosso esforço é trazer ordem para isso”, disse em entrevista à GloboNews reproduzida na publicação.

    O FT relata que muitos analistas já haviam
    alertado que as metas de déficit propostas eram irreais e provavelmente seriam
    ajustadas em algum momento. As medidas foram introduzidas como parte de um novo
    conjunto de regras fiscais projetadas para aumentar os gastos públicos sob o Lula
    3.

    “Os investidores têm manifestado preocupações
    crescentes sobre a abordagem econômica do Brasil sob Lula, a quem foram
    atribuídos programas de combate à pobreza durante os seus mandatos anteriores,
    entre 2003 e 2011”, pontuou a publicação.

    Ainda segundo o jornal, alguns investidores veem sinais de alerta de que a mudança da meta fiscal poderia repetir erros que marcaram o período anterior de governos petistas, que terminaram em uma crise fiscal contribuindo para a pior recessão do país.

    Um dos economistas ouvidos, Sérgio Vale, da MB
    Associados, afirmou que a política fiscal foi “mal concebida”, baseada apenas no
    aumento das receitas – principalmente através de impostos, muitas vezes
    sujeitos a fatores como o crescimento que estão fora do controlo do governo –
    em vez de cortar custos.

    “O governo terá que fazer algo muito mais
    drástico para conseguir um déficit zero. Mas, tem baixa popularidade e quer
    investir e gastar mais. A consequência deste [acordo] fiscal mal calibrado é a
    piora das taxas de juro de longo prazo, o que torna os investimentos mais
    baratos e prejudica o crescimento”, afirmou ao FT.

    A publicação ainda afirmou que o conjunto de medidas anunciadas por Lula nesta terceira gestão, como programas sociais e o Novo PAC, “irá forçar o aumento do endividamento público, que já era relativamente elevado para uma economia em desenvolvimento, com 75% do PIB em janeiro”.

    O FT ainda lembra que analistas mais céticos em
    relação à política orçamentária mais frouxa também temem que as medidas
    provoquem um aumento da inflação e impeçam a capacidade do Banco Central de
    continuar a reduzir as taxas de juro. “Lula atacou a política monetária da
    instituição como um obstáculo ao crescimento”, pontuou.

    No entanto, apesar das preocupações, algumas medidas do governo permanecem em vigor, como a meta deste ano de eliminar o déficit, ajudada por receitas excepcionais.



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