Dois candidatos a prefeito no México foram assassinados nesta sexta-feira (19/04), em meio à onda de violência eleitoral que varre o país às vésperas do pleito geral de 2 de junho, que vai eleger presidente, deputados e governos regionais.
Noé Ramos, que buscava a reeleição em Ciudad Mante, no estado de Tamaulipas (nordeste), foi morto a facadas enquanto se conversava com apoiadores, informou o Ministério Público estadual.
De acordo com o promotor de Tamaulipas, Irving Barrios, investigações iniciais apontam para um único perpetrado, que está sendo procurado pelas polícia.
Segundo a mídia local, Ramos, candidato por uma coalizão de centro-direita, caminhava pelas ruas da cidade conversando com cidadãos quando um homem se aproximou e o atacou com uma faca.
O outro crime ocorreu no estado de Oaxaca, no sul do país. Alberto Antonio García concorria à prefeitura de San José Independencia pelo Movimento Regeneração Nacional (Morena), partido do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.
García e a esposa, Agar Cancino, atual prefeita da cidade, estavam desaparecidos desde quarta-feira. Cancino foi encontrada com vida nesta sexta-feira em uma pequena ilha conhecida como Cerro Arena. García, por outro lado, foi encontrado morto, informou a promotoria estadual.
Violência antes das eleições
Políticos têm sido vítimas frequentes do crime organizado no México, especialmente os que ocupam ou concorrem a cargos regionais. Os motivos vão desde tentativas das máfias para subjugar os candidatos até disputas de poder entre grupos políticos.
“Eles fazem um acordo e dizem: ‘esta pessoa vai ser prefeito; não queremos que mais ninguém se registre para concorrer’, e quem o fizer, bem, eles sabem” o que esperar, disse López Obrador recentemente sobre os esforços dos cartéis de drogas para controlar a política local.
O período que antecede as eleições de 2 de Junho está sendo um dos mais violentos da história do país. Desde 23 de setembro, 17 candidatos foram assassinados, informou a consultoria Integralia.
Em 1º de abril, a candidata a prefeita Bertha Gisela Gaytan foi baleada nas ruas de Celaya, no estado de Guanajuato (centro), ao final de seu primeiro comício pelo partido Morena. Seu corpo foi deixado ao lado de seus apoiadores.
Onda de violência também no Equador
Além do México, o Equador também vive uma onda de violência eleitoral, com dois políticos assassinados em 48 horas nesta semana. No final de março, outra prefeita equatoriana, Brigitte García, de 27 anos, da cidade litorânea de San Vicente, também foi executada a tiros. Ela era considerada a prefeita mais jovem do país e militava no movimento Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente esquerdista Rafael Correa (2007-2017).
No início de fevereiro, a vereadora Diana Carnero, de 29 anos, também apoiadora de Correa, morreu da mesma maneira.
Só neste ano, cinco prefeitos já foram assassinados no país. Promotores, jornalistas e policiais também estão entre as vítimas de criminosos ligados a cartéis na Colômbia e no México.
Violência gera atritos entre Equador e México
Recentemente, a onda de violência política no Equador ensejou uma crise diplomática com o México, cujo ápice foi o rompimento das relações entre os dois países após policiais equatorianos invadirem a embaixada do México em Quito para prender o ex-vice-presidente Jorge Glas, acusado de corrupção e que estava ali refugiado desde o final de 2023.
O governo do equatoriano Daniel Noboa ficou incomodado com uma declaração do seu homônimo mexicano, López Obrador, que comparou a violência na campanha eleitoral mexicana à situação do Equador de 2023, quando foi assassinado o candidato à presidência Fernando Villavicencio.
O presidente mexicano disse que o assassinato prejudicou sobretudo Luisa González, a candidata do movimento de esquerda Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente Rafael Correa. Para López Obrador, González foi injustamente associada ao assassinato de Villavicencio, prejudicando sua candidatura e culminando na vitória de Daniel Noboa, um político inexperiente e herdeiro de uma fortuna construída com o comércio de bananas – commodity que é usada pelo narcotráfico como disfarce para o envio de drogas à Europa e aos Estados Unidos.