O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está articulando com ministérios a distribuição prioritária de alimentos a famílias do Rio Grande do Sul que sejam ligadas às comunidades ciganas, quilombolas e de terreiros. A ação é encabeçada pelo Ministério da Igualdade Racial que pediu a medida à pasta do Desenvolvimento Social.
A possibilidade de se priorizar estas comunidades na distribuição de alimentos foi publicada nesta terça (7) pela Folha de São Paulo. A Gazeta do Povo pediu explicações aos dois ministérios e aguarda retorno.
A medida foi adiantada à Folha por Paula Balduíno, diretora de políticas de quilombolas e ciganos da Igualdade Racial, que disse que a pasta está mapeando as famílias afetadas nestas comunidades. Ela afirma que tem recebido vídeos e áudios relatando a falta de alimentos.
“A gente vai ter que montar uma estratégia de levar por helicóptero esses alimentos para muitas dessas famílias. Então tem uma parte da nossa equipe que está exclusivamente dedicada a fazer esse levantamento e trabalhar na construção dessa logística junto com os outros órgãos”, disse.
A medida, no entanto, é vista com desconfiança
pela oposição. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que “nem na
tragédia há sanidade no governo Lula. A proridade deve ser para todos que
estejam necessitando, independente de qualquer coisa”.
No último domingo (5), o próprio Ministério da
Igualdade Racial informou que estava monitorando os impactos “especialmente”
nas comunidades quilombolas, ciganas e de terreiros, e que tem articulado com
outras pastas e movimentos sociais o envio de cestas básicas e outros itens de
primeira necessidade.
“O Ministério da Igualdade Racial está nesta força-tarefa de apoio emergencial. Estamos mobilizados e fazendo um levantamento sobre as populações quilombolas ciganos e povos de terreiro que foram afetadas e unindo nossos esforços dentro do governo federal no que for preciso”, disse a ministra Anielle Franco.
De acordo com a pasta, o estado do Rio Grande do Sul tem mais de sete mil famílias quilombolas, 344 famílias ciganas e aproximadamente 1,3 mil famílias de comunidades tradicionais de matriz africana e terreiros, “muitas delas estão ilhadas, sem acesso à água, energia e alimento”, pontuou o ministério.
O boletim mais recente da Defesa Civil do Rio
Grande do Sul divulgado na manhã desta terça (7) aponta que já são 388 cidades
atingidas em todo o estado, com mais de 1,3 milhão de pessoas afetadas. As
enchentes fizeram 90 vítimas fatais e ainda há 361 feridos e 132 desaparecidos.
O estado gaúcho tem 203,8 mil pessoas fora de
casa, sendo que 48,1 mil estão em abrigos e 155,7 mil desalojados.