O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça (7) que fica “irritado” com a discussão sobre o chamado déficit fiscal, que é o rombo das contas públicas e que o governo alterou para os próximos anos. No começo da gestão, no ano passado, era prometido um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025, mas foi reduzido para zero.
A alteração da meta fiscal provocou reação no
mercado financeiro e entre especialistas, levantando dúvidas sobre o
compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas.
Lula afirmou que este assunto o deixa irritado e que “nenhum país do mundo” discute essa questão. “A dívida pública dos Estados Unidos é 112% do PIB, a do Japão é de 235%, a da Itália é de quase 200%. Ou seja, esse não é o problema. Você tem que saber se está gastando ou está investindo”, disse em entrevista ao programa Bom Dia, Presidente, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Ele voltou a ressaltar a diferença entre o que
considera como gasto e investimento, como aumento de salários de alguns setores
do setor público para a valorização dos servidores. Lula diz que aprendeu a ser
economista com a mãe “que era analfabeta”, que sabia contar dinheiro e pagar as
contas necessárias distribuindo o que sobrava para os filhos.
“Eu desde que assumi a presidência da República
em 2003 tenho dado lição de responsabilidade. Peguei esse país quebrado devendo
US$ 30 bilhões ao FMI [Fundo Monetário Internacional], não tinha dinheiro para
pagar as importações. Eu paguei US$ 30 bilhões ao FMI, depois emprestei US$ 15
bilhões, e depois fizemos uma reserva de US$ 370 bilhões. Então, ninguém me
fale em responsabilidade, que essa eu tenho demais”, ressaltou Lula na
entrevista.
Lula afirmou que “nunca” irá gastar mais do que
pode, mas que “se tiver que gastar para construir um ativo novo, alguma coisa
nova, que aumente o patrimônio do país, qual é o problema”, questionou fazendo
um paralelo com o que é feito na iniciativa privada em que os empresários tomam
empréstimos para investimentos que aumentem a produção e depois quitem a
dívida.
“O que eu não posso é ficar com o sistema
financeiro todo santo dia só olhando o déficit fiscal e não olha o déficit
social. Olha as pessoas que estão desempregadas, que estão dormindo na rua e
que estão passando fome. Pare de olhar só para o seu cofre, para a sua conta
bancária. Olhe para o povo”, disparou.
Ele afirmou que faz um governo sério, e que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também o fez.