As Forças Armandas encaminharam ao Rio Grande do
Sul, neste sábado (11), 427 toneladas de donativos às vítimas das enchentes que
castigam o estado desde a última semana. O carregamento é levado de avião, por
terra e navios e deve ter esta fase concluída até o dia 15 de maio.
Mais cedo, dois cargueiros da Força Aérea Brasileira (FAB) decolaram de Brasília para Canoas, na Grande Porto Alegre, com 40 toneladas de itens, além de um avião da companhia aérea Latam com mais sete toneladas. Os donativos incluem peças como roupas, colchonetes, água potável e alimentos.
Também partiu de Brasília pela manhã um comboio com 13 caminhões do Exército e seis de empresários voluntários, com 380 toneladas de suprimentos, que deve chegar até terça (14) ao estado. Os veículos farão paradas em Pirassununga (SP) e em Curitiba.
O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro
do ar Marcelo Damasceno, afirma que este tipo de operação é inédita e com dificuldades.
“Faremos uma coisa que eu diria inédita dentro desse corredor aéreo e terrestre de suprimentos. Realmente é uma calamidade, eu sou piloto, viajo muito, voei muito naquela terra, e até para reconhecer as cidades é difícil. [Isso] mostra o tamanho de tudo o que está acontecendo”, afirmou.
O empresário Marcos Antônio Dias, que cedeu um
caminhão para o transporte dos donativos até o Rio Grande do Sul, diz esperar
que a ajuda que está dando “sirva de motivação” para outros caminhoneiros. “Quantos
dias o caminhão fica parado na empresa, sem um motorista, às vezes sem uma
carga, sem nada, e isso que eu vim fazer aqui por conta própria e de coração”,
completou.
Esta operação de ajuda terá novas fases após
esta entrega, segundo o general Ricardo Carmona, comandante militar do Planalto.
Ele diz que a tropa em Brasília seguirá na preparação logística de mais doações
e que “esse comboio distribuindo lá retornará e ficará em condições de
prosseguir com mais material para o Rio Grande do Sul”.
Em uma nota à imprensa, a FAB informou que “em
menos de uma semana, a Campanha ‘Todos Unidos pelo Sul’, lançada pela FAB,
arrecadou 1.500 toneladas de donativos nas Bases Aéreas de Brasília (BABR),
Galeão (BAGL) e São Paulo (BASP)”.
Navio de guerra chega ao RS
Também neste sábado (11) o maior navio de guerra
da América Latina, o Aeródromo Multipropósito Atlântico, chegou à cidade de Rio
Grande, no extremo sul gaúcho, para auxiliar no socorro às vítimas da tragédia.
A embarcação saiu da base naval do Rio de Janeiro na quarta (8) com 150 toneladas de donativos e 1,3 mil militares para reforçarem a operação.
Ainda segundo a Marinha, o navio também leva 14
toneladas de suprimeiros, duas estações para o tratamento de água, três
helicópteros, 35 automóveis e oito embarcações de pequeno e médio porte. Há
também um centro médico com uma equipe ambulatorial e capacidade para alguns
tipos de cirurgias.
Além do Atlântico, outras embarcações e recursos
da Marinha estão sendo mobilizados para ajudar a população do Rio Grande do
Sul. Em 30 de abril, oito lanchas foram enviadas para o estado, enquanto o
navio Babitonga está em Porto Alegre para auxiliar no serviço de resgate.
O navio Mearim zarpou de Santa Catarina com doações e chegou a Rio Grande na sexta (10), seguindo para Porto Alegre neste sábado (11). A Marinha também anunciou o envio de 40 viaturas e 200 militares para ajudar na desobstrução das vias de acesso e equipes de apoio à saúde, compostas por médicos e enfermeiros, para oferecer assistência médica à população afetada.
Para complementar as operações de resgate, três aeronaves da Marinha foram deslocadas para o Rio Grande do Sul, ampliando a capacidade de resposta e suporte às comunidades atingidas pelos temporais na região.
O boletim mais recente da Defesa Civil gaúcha, divulgado no começo da tarde deste sábado (11), aponta que 136 pessoas morreram em decorrência das chuvas e enchentes que atingem o estado desde a última semana. Ainda há 756 feridos e 125 desaparecidos.
Em todo o Rio Grande do Sul, foram atingidos 444 municípios dos 497 do estado, afetando 1,95 milhão de pessoas. Destas, 441,3 mil seguem fora de casa, sendo 71,3 mil em abrigos e 339,9 mil na casa de parentes ou amigos.