Apesar dos progressos na valorização da diversidade, a igualdade de gênero no mercado de trabalho ainda enfrenta desafios significativos, especialmente na contratação, retenção e promoção de mulheres com filhos. Dados do Banco Mundial indicam que apenas 50% das mulheres em idade ativa estão empregadas, comparado a 80% dos homens. A maternidade é um dos principais fatores dessa disparidade.
Um estudo da London School of Economics and Political Science (LSE) em parceria com a Universidade Princeton analisou trabalhadores em 134 países, considerando perfis profissionais semelhantes. A pesquisa revelou que a maternidade impacta significativamente a trajetória profissional das mulheres: 24% delas deixam o emprego no primeiro ano após o nascimento do bebê e 15% permanecem fora do mercado de trabalho após uma década. No Brasil, 42% das novas mães deixam seus empregos ao dar à luz, e 35% não retornam ao mercado de trabalho em até dez anos.
A área de Recursos Humanos tem um papel fundamental na superação desse desafio, promovendo uma cultura organizacional que valorize e apoie a maternidade e a paternidade. É essencial proporcionar um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, além de combater estigmas e preconceitos contra pais e mães no ambiente de trabalho.
Para Taís Rocha de Souza, especialista em Diversidade, “um dos principais obstáculos que impede a valorização das mulheres na sociedade e a ascensão em suas carreiras é o machismo estrutural.” Esse machismo perpetua estereótipos de gênero, como a ideia de que as mulheres são as principais cuidadoras dos filhos, o que resulta em preconceitos no ambiente profissional.
A falta de políticas de apoio, como licença parental remunerada, trabalho flexível e creches acessíveis, também dificulta a ascensão das profissionais com filhos. O RH deve promover uma cultura organizacional mais igualitária e inclusiva, contemplando flexibilidade no trabalho e apoio para cuidados infantis, fundamentais para que as mães possam equilibrar suas responsabilidades familiares e profissionais.
Taís Rocha de Souza recomenda diversas iniciativas para tornar as empresas mais inclusivas:
- Licença parental remunerada e flexível: Oferecer licença tanto para mães quanto para pais.
- Suporte na transição de volta ao trabalho: Implementar programas de apoio, horários flexíveis e home office.
- Benefícios como creches no local de trabalho: Disponibilizar creches ou subsídios para creches.
- Cultura de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: Promover flexibilidade nos horários.
- Desenvolvimento profissional das mães: Oferecer treinamentos, mentoria e oportunidades de avanço.
- Redes de apoio entre mães: Facilitar redes de apoio no ambiente profissional.
- Reconhecimento das conquistas: Celebrar as conquistas das profissionais com filhos.
- Flexibilidade na gestão de tarefas: Oferecer flexibilidade para acomodar responsabilidades familiares.
Ao adotar essas práticas, as empresas demonstram um compromisso genuíno de apoio às mães no local de trabalho, o que pode resultar em maior satisfação, engajamento e retenção de talentos.
“Superar essas barreiras é essencial para promover um ambiente mais favorável ao crescimento industrial e ao desenvolvimento econômico sustentável”, conclui Taís Rocha de Souza. Ela ressalta a importância de um esforço conjunto das empresas, da área de Recursos Humanos e da sociedade para garantir que as mães tenham as mesmas oportunidades e condições de trabalho que os demais profissionais.