O presidente americano, Joe Biden, criticou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em uma entrevista à revista Time publicada nesta terça-feira 4, afirmando que há “razões” para concluir que o premiê estaria prolongando a guerra em Gaza para sua própria sobrevivência política.
O democrata, que tentará a reeleição em novembro e cujas relações com Netanyahu são notoriamente complicadas, ressaltou que teve um “grande desacordo” com ele sobre o pós-guerra no território palestino e considerou que Israel se comportou “inadequadamente” durante o conflito, desencadeado após um ataque do grupo islamista palestino Hamas em 7 de outubro.
A entrevista à Time ocorreu antes do anúncio de Biden de uma proposta apresentada para um cessar-fogo em Gaza e que recebeu uma reação fria de Netanyahu, bem como ameaças de renúncias em seu governo.
Ao ser questionado se acreditava que o primeiro-ministro israelense estava prolongando a guerra para seu próprio benefício, o presidente americano respondeu “sim”.
“Há muitas razões para as pessoas chegarem a esta conclusão”, afirmou.
Biden reconheceu que a principal divergência com o governo israelense era a necessidade da criação de um Estado palestino.
“Meu grande desacordo com Netanyahu é o que acontecerá depois… do fim de (um conflito em) Gaza. A que situação (o território palestino) retornará? As forças israelenses retornarão para lá?”, questionou.
“Bem, a resposta é que se este for o caso, não pode funcionar”, declarou.
Por outro lado, o líder democrata mencionou a invasão russa da Ucrânia, país ao qual tem prestado apoio militar contínuo e que se tornou uma das linhas constantes da sua política externa.
Segundo Biden, o seu governo está melhor posicionado do que o do republicano Donald Trump para manter essa assistência à defesa face ao avanço militar de Moscou, alegando que o Exército russo foi “dizimado” no terreno.
“Paz significa garantir que a Rússia nunca, jamais ocupe a Ucrânia”, disse.
Ele também criticou seu antecessor republicano, que ameaçou desfazer as tradicionais alianças americanas no exterior e destacou que teve contatos com líderes autoritários durante seu mandato (2017-2021).
“Todos os maus (governantes estrangeiros) apoiam Trump”, disse Biden, que em novembro voltará a enfrentar nas urnas o magnata republicano, que até hoje não aceita a sua derrota nas eleições de 2020.