O universo de Arrigo Barnabé é inquieto, irônico, sarcástico, teatral, experimental, tenebroso, instigante, perturbador e perspicaz. Tudo quase ao mesmo tempo.
O documentário O Homem Crocodilo, de Rodrigo Grota, estreia no In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, realizado de 12 a 23 de junho, em São Paulo, e mergulha nas referências artísticas do cantor, compositor, pianista e ator no seu sentido inconsciente.
Para chegar a esse resultado, o longa-metragem não se vale de cenas sequenciais lineares, contínuas e autoexplicativas, mas abstratas e oníricas. Não há depoimentos sobre o artista. A única fala é do próprio “homem crocodilo”, Arrigo Barnabé.
O título remete à sua obra de estreia, um marco de inovação: o álbum Clara Crocodilo (1980), cujo trabalho é amplamente utilizado como objeto do filme.
O longa-metragem também faz referências aos trabalhos autorais Tubarões Voadores (1984) e Missa in-Memoriam Arthur Bispo do Rosário (2003), entre outros projetos.
A ambiência do filme remete, em parte, à terra de Arrigo, Londrina (PR), com imagens da natureza e cenas urbanas um tanto sombrias, mas parte do imaginário do personagem central da obra.
O Homem Crocodilo cutuca as rupturas do trabalho do músico. A narrativa está em permanente busca por uma estética que parece inalcançável, mas possível. É um filme mais reflexivo do que propriamente de exaltação clássica documental.
O filme de Rodrigo Grota participa da competição nacional da 16ª edição do In-Edit Brasil, o maior festival de documentários ligados à música no País. Informações sobre como assistir ao longa estão no site da mostra.