Lula continua mal assessorado. Incrivelmente, não possui um corpo político à altura dos desafios. Seu governo está sendo fagocitado pela austeridade, por suas alianças e concepções. Um enredo já conhecido. O governo coloca no vinagre a parte mais ativa da militância. que poderia ser um contraponto à fascistização galopante. A opção de outorgar uma carta sindical à Proifes e a ausência de reforma agrária exemplificam.
Por isso, os operadores da pequena política fazem opções como a quebra da paridade, a ausência de reajustes lineares e a recusa de negociação com as entidades legítimas, ações que desanimam a base progressista, comprometendo a mobilização democrática.
O orçamento de 6,47 bilhões de reais sequer iguala o orçamento de custeio do governo Bolsonaro. O adicional de 280 milhões de reais não cobre o déficit da UFRJ. E os 3,4 bilhões parcelados para obras (a alocação de 800 milhões de reais para obras interrompidas e reformas estruturais é apenas o que a UFRJ necessita) não chegam nem perto de compensar as perdas de 100 bilhões de reais (MEC, MCTI) da última década. As universidades continuam afastadas do diálogo com os verdadeiros bastiões do poder, sendo consideradas parte da pequena política.
Lula precisa ser alertado sobre a gravidade do problema não só nas universidades e institutos federais, mas na educação pública em geral. A extrema direita avança nos ataques (SP, PR, RJ) e não há uma alternativa política vigorosa. Os aparelhos privados de hegemonia do empresariado obviamente não oferecem caminhos congruentes com a educação democrática, que é a base do antifascismo. A austeridade abre as portas para os fascistas, como evidenciam as recentes eleições para o parlamento europeu e o crescimento fascista na França, Alemanha, entre outros. A educação está à deriva.
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