O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, afirmou a CartaCapital nesta terça-feira 11 não ter pedido demissão, ao contrário do que anunciou no início da tarde o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Ao confirmar a decisão do governo de anular o leilão para compra de arroz importado, Fávaro disse ter sido comunicado por Geller sobre a saída.
Na ocasião, o ministro afirmou: “Não há nenhum fato que gere qualquer tipo de suspeita. Mas que de fato gerou um transtorno e, por isso, ele colocou hoje de manhã o cargo à disposição. Ele pediu demissão e eu aceitei“.
Além de negar ter pedido para deixar o cargo, Geller disse à reportagem não ter conversado com Fávaro após o anúncio sobre o leilão.
A se confirmar a saída do secretário – por decisão de Fávaro, não a pedido -, o motivo será uma suspeita de conflito de interesse.
O diretor de Abastecimento da Companhia Nacional de Abastecimento, Thiago dos Santos, é uma indicação de Geller. Além disso, a Foco Corretora de Grãos, uma das principais corretoras do leilão, é do empresário Robson Almeida de França, que foi assessor parlamentar de Geller na Câmara e sócio de Marcello Geller, filho do secretário.
Antes de anunciar a demissão, Fávaro compartilhou os argumentos do secretário em pronunciamento à imprensa: “Ele fez uma ponderação de que quando o filho dele estabeleceu a sociedade com essa corretora lá de Mato Grosso, ele não era secretário de Política Agrícola e, portanto, não tinha conflito. E que essa empresa não está operando, não participou do leilão, não fez nenhuma operação, e isso é fato também”.