O deputado Silas Câmara (Republicanos-AM) assume, nesta quarta-feira 19, a liderança da Frente Parlamentar Evangélica, popularmente chamada de bancada da Bíblia ou bancada evangélica.
O parlamentar assume a coordenação do grupo no lugar do bolsonarista Eli Borges (PL-TO) e terá como principal missão insistir na articulação do PL que equipara o aborto ao crime de homicídio. A bancada foi a principal patrocinadora da pauta em Brasília, que esfriou após a repercussão negativa do tema.
A troca, segundo integrantes do grupo, não teria relação com a repercussão do PL. A alegação é de que a saída de Borges já estava programada e faz parte do revezamento da liderança do grupo, acertado em acordo prévio.
A transmissão do cargo foi realizada em um culto durante a reunião do grupo, registrado nas redes sociais do grupo.
Quem é Silas Câmara?
Silas Câmara é deputado federal desde 2003. Essa será a quarta vez que ele assume a liderança da Frente Evangélica no Congresso, que atualmente conta com 203 deputados e 26 senadores.
Segundo sua biografia no site da Câmara dos Deputados, o político é teólogo e jornalista. Ele também atua como pastor da Igreja Assembleia de Deus e é empresário do ramo de rádios e TV.
Ele foi um dos fundadores da bancada evangélica e atualmente preside a Comissão de Comunicação da Casa de Leis.
Em 31 de janeiro, Silas Câmara teve o mandato cassado pelo TRE-AM por captação de recursos ilícitos e abuso de poder econômico na campanha de 2022.
Uma das irregularidades apontadas pelo órgão é que as despesas com os voos representam 12,73% dos 3,1 milhões de reais que ele recebeu para se reeleger — cerca de 396,5 mil reais — e que parte dos gastos não teriam tido fins eleitorais.
A decisão do tribunal também leva à perda de mandato de outro deputado, Adail Filho (Republicanos-AM), que se elegeu pelas contas do coeficiente eleitoral de Silas. A partir da cassação é decretada a nulidade dos votos do deputado condenado, sendo assim, Filho não teria obtido votação suficiente.
Na prática, Câmara segue como deputado enquanto aguarda a decisão final do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode confirmar a sentença ou reformar a decisão.
Em outro episódio judicial, Câmara confessou ter cometido o crime de peculato ao promover uma rachadinha com salários de assessores no seu gabinete. Ele firmou, com a Procuradoria-Geral da República (PGR) um acordo de não persecução penal (ANPP) que consistia, além da confissão, no pagamento de multa de 242 mil reais. Como parte do acordo, a ação contra ele que tramitava no STF foi extinta.
O deputado também acumula outras polêmicas, como uma acusação de falsificação de documentos, que culminou em uma denúncia pelo crime de falsidade ideológica. Ele também já foi investigado por corrupção passiva e outras irregularidades na administração da sua rede de televisão no Amazonas.