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    Entre Black Friday e Natal, escolhemos continuar consumindo o planeta – Opinião – CartaCapital

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    Passado o mês alucinante de compras que se tornou novembro – visto que a Black Friday deixou de ser só uma sexta-feira e passou a mobilizar todo o mês – adentramos dezembro com a Cyber Monday e seguimos firmes, fortes e consumindo rumo ao Natal. Mas, como podemos ver, a nossa cultura de consumo está consumindo o planeta. A verdade é, que sob o capitalismo, tudo é uma enorme coleção de mercadorias, que existem para atender às necessidades do mercado e não as nossas. Nosso papel, então, é gerar movimento nesse sistema, vendendo ou consumindo algo.

    E o consumo pode ser transformado em uma tradução fácil de felicidade e conforto, que frequentemente vem da mera resolução de ansiedades. As pessoas consomem suas próprias fantasias, que estão encapsuladas nos objetos. Assim, a cultura de consumo desempenha um papel profundo na definição de estilos de vida e é preciso entendê-la, não apenas como um sistema complexo, mas também como um grupo de pequenas práticas cotidianas. É no dia a dia que nossos estilos de vida vão sendo construídos e moldados por meio de novas compras, a partir dos atributos e do status que os produtos oferecem e reforçam a identidade que desejamos vestir.

    Mas quando vivemos em uma sociedade definida pelo consumo, temos a impressão de que todos os nossos problemas serão resolvidos por meio de novas compras. Nós politizamos o consumo. É como se o ato de comprar conferisse às pessoas uma camada de cidadania ativa. Como se comprando mais produtos pudéssemos, de alguma forma, combater crises ambientais ou desigualdades sociais. A cultura de consumo e a mentalidade capitalista nos ensinaram a substituir atos de resistência política e organização social por escolhas pessoais de estilo de vida. Mas, precisamos encarar que em tempos de emergência climática, as soluções para mudar os rumos do planeta não acontecerão pela via do consumo.

    Prova disso é que a indústria da moda, altamente criticada por seus excessos, abusos de direitos humanos e esgotamento ambiental, luta para dar respostas às suas contribuições para a tripla crise planetária: mudanças climáticas, perda da biodiversidade e poluição. Hoje podemos ver que supostas “inovações” na indústria nas últimas décadas não conseguiram diminuir seu impacto no mundo. Da produção de fibras à imensa quantidade de resíduos têxteis produzidos globalmente, a indústria da moda se mostra um sistema que produz excessivamente para atender estimativas de crescimento e lucro que não cabem em um planeta de recursos finitos. O problema está no modelo de negócio, que é antiecológico por natureza.

    Sendo assim, para lidarmos de forma justa com a crise do clima é importante que haja uma revisão e propostas de matrizes socioeconômicas alternativas que sejam capazes de fortalecer a capacidade de desenvolvimento local sustentável e preservar ecossistemas e culturas dentro da cadeia da moda. Estudos que olham para alternativas ao sistema produtivo hegemônico da moda apontam para o papel e o espaço ocupado pelas mulheres em suas comunidades como um importante passo, se quisermos falar de produção justa com comércio de matérias-primas e produtos que garantam segurança alimentar, manutenção dos biomas locais e equidade.

    Podemos aprender muito com saberes e práticas que demonstram a riqueza cultural, a diversidade de habilidades, as relações estabelecidas com a natureza local, que podem envolver desde a produção familiar de algodão agroecológico ou da borracha natural, que vêm regenerando territórios e mantendo as florestas em pé, passando pela produção de rendas e diversos trabalhos manuais que encontram na oralidade a preservação de suas tradições, passadas de geração em geração. Neste cenário, vemos que a igualdade econômica, de gênero e racial é vital se quisermos enfrentar os desafios postos.

    Dentro deste contexto, eu contribuí com a valiosa pesquisa Cultura e Clima: integrando as agendas para um futuro sustentável, recém-lançada pelo C de Cultura, Outra Onda Conteúdo e Instituto Veredas, que defende a importância da cultura como agente provocador e transformador da sociedade em meio à crise climática. A cultura aqui é apresentada como um elemento fundamental na construção do bem viver das populações e um fator estruturante para o desenvolvimento de qualquer política que pretenda ser efetivamente sustentável.

    Mas e aí, talvez você se pergunte, o que eu tenho a ver com isso? Todo mundo veste roupa, então todo mundo faz parte do sistema da moda, querendo ou não. Assim como todo mundo faz parte da nossa realidade “insustentável”, seja ocupando lugares de privilégio ou de exploração. Portanto, é urgente avançarmos as discussões e complexificar o paradoxo da sustentabilidade em uma indústria que continua a projetar crescimento infinito. Se quisermos criar um cenário onde a moda contribua para um mundo mais justo e preparado para enfrentar a crise climática e outros grandes desafios que nos cercam, precisamos, acima de tudo, confrontar a natureza da cultura de consumo e da cultura coorporativa, ou seja, a finalidade dos negócios, e confrontar o sistema econômico em si.

    Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

    Informações são do site Carta Capital, Clique aqui

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