Edmundo González Urrutia, opositor de Nicolás Maduro que reivindica a vitória nas eleições presidenciais da Venezuela, afirmou neste sábado que deve se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no domingo.
As declarações foram dadas em coletiva de imprensa em Buenos Aires, após um encontro com o mandatário argentino Javier Milei. “Agendamos uma conversa com o presidente Biden e estamos à espera de detalhes sobre as novas autoridades”, disse González, referindo-se ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
O venezuelano chegou à Argentina sob grande sigilo na noite de sexta-feira, vindo da Espanha, onde está exilado desde setembro, para iniciar um périplo por países da América.
Ele deve se encontrar com o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, e o ministro das Relações Exteriores Omar Paganini em Montevidéu ainda neste sábado. Depois da ida aos EUA, neste domingo, González passará ainda pelo Panamá e pela República Dominicana.
O giro ocorre enquanto autoridades oferecem uma recompensa de 100 mil dólares (616 mil reais na cotação atual) por informações que levem à sua prisão. O opositor venezuelano é acusado de conspiração, instigação ao crime, usurpação de funções e de falsificar documentos, entre outros crimes.
A visita também acontece em meio ao aumento da tensão entre Caracas e Buenos Aires devido à prisão na Venezuela do gendarme argentino Nahuel Gallo, acusado de “terrorismo”. Em reação, o governo Milei acionou o Tribunal Penal Internacional e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Mas a relação entre o argentino e Maduro, contudo, já era complicada, com inúmeras trocas de insultos, e finalmente se rompeu com o não reconhecimento da Argentina aos resultados das eleições venezuelanas.
Além disso, desde março, a embaixada argentina em Caracas – que foi assumida pelo Brasil após o rompimento das relações – tem abrigado seis colaboradores de Machado, também acusados de “terrorismo”. Um deles renunciou ao asilo em dezembro e se entregou às autoridades. Os outros cinco estão aguardando salvo-conduto para deixar o país.
Em vídeo publicado nas redes sociais horas antes do encontro com Milei, González disse que abordaria com ele a questão dos solicitantes de asilo na embaixada. “Essa é e será nossa preocupação em todas as conversas que teremos aqui em Buenos Aires”.
Os dois apareceram, após a reunião, à varanda da Casa Rosada, sede da presidência argentina, para saudar os milhares de venezuelanos que se reuniram na Praça de Maio para apoiar o líder da oposição.
González foi o candidato da oposição nas eleições de 28 de julho, diante da inabilitação da líder opositora María Corina Machado. Ele pediu asilo na Espanha depois de ser acusado pelo Ministério Público da Venezuela por “conspiração” e “associação para cometer crimes”.
As autoridades eleitorais venezuelanas proclamaram Maduro reeleito para um terceiro mandato consecutivo de seis anos (2025-2031), enquanto a oposição denuncia fraude e reivindica a vitória de González com base na publicação de 85% dos registros eleitorais em um site. O candidato foi embaixador em Buenos Aires no início dos anos 2000.
A Argentina não reconheceu a reeleição de Maduro, assim como os Estados Unidos, a União Europeia e vários países latino-americanos. Sua proclamação provocou protestos que deixaram 28 mortos e cerca de 200 feridos, além de 2.400 detidos. Três dos detidos morreram na prisão e cerca de 1.400 foram colocados sob liberdade condicional.
Maduro deve ser empossado presidente da Venezuela no próximo dia 10 de janeiro.