A Polícia Federal abriu inquérito para apurar os responsáveis por uma série de ataques violentos a indígenas Avá-Guarani que vivem em uma área de disputa fundiária entre Guaíra e Terra Roxa, no oeste do Paraná. A última ofensiva de ruralistas, na noite desta sexta-feira, deixou uma criança de 4 anos e adultos feridos.
Três vítimas foram levadas ao Hospital Bom Jesus de Toledo e estão em observação, informou o Conselho Indigenista Missionário. Um indígena atingido no maxilar com munição de grosso calibre e precisou ser transferido para Cascavel, a 170 km de Guaíra. O estado de saúde dele não foi divulgado.
De acordo com o Cimi, a comunidade foi atacada a tiros, de surpresa, por pessoas que armaram uma emboscada. A suspeita deles é que o grupo indígena estivesse sendo monitorado em pelo menos três pontos da aldeia Yvy Okaju.
Em nota, a PF afirmou ainda que forças de segurança federais, estaduais e municipais estão no local desde a noite de sexta para evitar novos episódios de violência.
Este foi o quarto ataque realizado em uma semana. Na terça-feira, por exemplo, um Avá-Guarani foi baleado no braço após uma ofensiva de ruralistas com balas de efeito letal. Além dos feridos, barracos e plantações foram incendiados e as famílias estão desabrigadas sem alimentos e água potável.
A disputa por terras na região é histórica, com indígenas reivindicando áreas devido ao alagamento causado pela construção da Usina de Itaipu, enquanto agricultores locais também cobram direitos sobre essas terras.
Em resposta à tensão na região, o Ministério da Justiça autorizou, em novembro, a atuação da Força Nacional na região de conflito. Mas, em áudios enviados ao Cimi, indígenas relatam que os agentes não têm demonstrado interesse em conter a violência. “Mesmo sendo acionada, a equipe só se fez presente após a Polícia Militar chegar ao local”, destacam as lideranças.
A pasta chefiada por Ricardo Lewandowski disse a CartaCapital que tem acompanhado o conflito no oeste paranaense. “O ministério reafirma seu compromisso com a mediação pacífica e a prevenção de conflitos. As ações adotadas já restabeleceram a ordem, e medidas preventivas estão em curso para evitar a escalada de tensões”, diz a nota encaminhada à reportagem.