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    A Europa, sempre suserana, torna-se vassala – CartaCapital

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    “O demônio na Sagrada Escritura é o opressor.”
    Padre Salvador Maria Rodrigues de Brito

    Escrevo no momento em que chega do Vaticano a notícia perturbadora de que o estado de saúde do Papa é delicado.

    Com um planeta mergulhado no desespero diante da possibilidade real do colapso da vida humana na Terra — impulsionado e apressado pela extrema-direita —, a notícia não poderia ser mais preocupante. Ainda assim, a esperança na recuperação do Pontífice se impõe.

    Francisco não é apenas um guia moral para a humanidade, mas também uma referência política. O único líder com estatura para fazer frente à extrema-direita mundial. Quem não se lembra da expressão de desgosto ao receber Donald Trump em seu primeiro mandato? E de como se esquivou da tentativa do então presidente de lhe segurar a mão para a foto oficial?

    Francisco já nos prestou grandes serviços. Recebeu Lula e Dilma, denunciou a prisão do primeiro como lawfare e o golpe contra a segunda como uma farsa. E justamente por isso, neste momento de ascensão reeditada da extrema-direita, sua presença se faz ainda mais necessária.

    Vivemos mudanças epocais. Até há poucos meses, o consenso era que o mundo marchava inexoravelmente para a multipolaridade. A posse de Trump provou o engano.

    A diferença, em relação a um século atrás, é que, enquanto os anos 1900 foram definidos por uma bipolaridade rígida, agora, com a nova administração americana, temos três polos: Estados Unidos, Rússia e China. A prova? Trump só procurou os chefes de Estado desses dois países. Europa, reduzida a condição de vassala, foi sumariamente ignorada. Ignorada como interlocutora em política externa, seja na Palestina, seja na Ucrânia. Ignorada também como parceiro econômico, vide a imposição de tarifas sobre aço e alumínio.

    Ainda pior: as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia começaram sem a presença da própria Ucrânia ou da União Europeia. Trump e Putin, diretamente, acertaram local e data para as tratativas: Arábia Saudita. Apenas depois — para salvar as aparências — europeus e ucranianos serão convidados à mesa.

    Pela primeira vez em cinco séculos, a Europa, sempre suserana, senhora da História, torna-se vassala. Ou pior: um papel higiênico, descartado sem cerimônia após fazer o serviço sujo.

    O estupor europeu é tamanho que, como ocorreu nas duas Guerras Mundiais, sequer conseguiram esboçar uma reação concreta. Apenas uma pantomima diplomática pobre. O próprio secretário-geral da Otan precisou apelar para que os países-membros suspendessem as reclamações e, ao menos, articulassem uma política comum.

    É compreensível o choque de quem dominou os demais povos por 500 anos — sobretudo ao Sul do planeta — e agora se vê, por sua vez, dominado, marginalizado e alijado das decisões internacionais, até mesmo em suas próprias fronteiras orientais. Que chaga no eurocentrismo!

    Mas quem sabe, seguindo os ensinamentos de Freud, essa ferida sirva para que o Velho Continente, golpeado, se torne um lugar melhor?

    No livro A Era do Engano (Editora Nzamba), meus amigos Natanael Oliveira do Carmo e Cláudio Marques da Silva Neto lançam luz sobre esse cenário e facilitam sua compreensão. Citam, por exemplo, um estudo de 2016 sobre hábitos de leitura no mundo:

    “O país que mais lê no mundo é a Índia, que ocupa essa distinção desde 2005. Os indianos dedicam, em média, 10 horas e 42 minutos semanais à leitura. Os três lugares seguintes são ocupados por Tailândia, China e Filipinas, enquanto o quinto país da lista é o Egito. Apenas depois aparece a primeira nação europeia, a República Tcheca, seguida de Rússia, Suécia (empatada com França) e Hungria (empatada com Arábia Saudita). Na América Latina, a Venezuela lidera no 14º lugar, seguida de Argentina (18º), México (25º) e Brasil (27º), com médias de leitura inferiores à metade do tempo dedicado pelos indianos.”

    O mais alarmante: estamos lendo cada vez menos livros e consumindo cada vez mais conteúdos superficiais, fragmentados, recebidos pelas redes sociais e processados sem reflexão crítica.

    Os autores alertam: “O controle das grandes corporações sobre as sociedades globais se assenta, sobretudo, na contaminação das comunicações de massa.”

    Sobre o Brasil, em particular, analisam com precisão os efeitos do medo como ferramenta de controle: “O medo, no caso brasileiro, tem produzido uma inércia popular propícia ao aparelho de Estado.”

    Mas há esperança. A obra se encerra com uma citação luminosa de Rosa Luxemburgo, que faço minha:

    “Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres.”

    Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

    Informações são do site Carta Capital, Clique aqui

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