Na última quinta-feira 13, a Prefeitura de São Paulo demoliu as dependências de um teatro e de uma escola de capoeira no Parque do Povo, localizado no Itaim Bibi, Zona Oeste da capital. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram o momento em que uma retroescavadeira destrói o Teatro Vento Forte e a Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul.
Funcionários do teatro, que guarda um acervo de 40 anos de história, afirmam não ter havido aviso prévio. Já a gestão de Ricardo Nunes (MDB) nega e alega que a demolição seguiu uma ação administrativa iniciada em julho de 2023, destacando que a ocupação não tinha documentação regular. Segundo a Prefeitura, o espaço era utilizado irregularmente como estacionamento pago e tinha uma banca precária na entrada que comercializava bebidas. A defesa do responsável pelo local, Claudeir Gonçalves, contesta as alegações, dizendo que havia uma lanchonete para arrecadar fundos destinados à manutenção do teatro.
A Prefeitura sustenta que os objetos do local foram retirados com ajuda de sua equipe operacional e entregues ao responsável. No entanto, ainda no domingo, havia peças de cenário sob os destroços, além de um piano destruído. Gonçalves também alega que não teve acesso ao conteúdo do processo administrativo que embasou a ação. Embora o poder municipal argumente que o teatro estava abandonado, manifestantes e artistas contestam tal versão, cobrando maior transparência e diálogo em intervenções culturais como essa.
No domingo 16, manifestantes se reuniram entre os escombros, exibindo cartazes com dizeres como “não à demolição da cultura” e “a arte resistirá sempre”. Entre os participantes, estavam o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) e o cantor e compositor Chico César, que, ao publicar fotos do local após a demolição, afirmou que a destruição cultural na maior cidade do país “atende a um propósito, a ascensão do fascismo e a gentrificação dos espaços”.