Em 2025, o Brasil completa três décadas da chegada da internet comercial ao país.
Desde 1995, quando o acesso à rede se popularizou, a forma como consumidores adquirem produtos e serviços passou por uma revolução.
Atualmente, 86,6% da população brasileira está conectada à internet, totalizando 187,9 milhões de pessoas, segundo a We Are Social.
Esse crescimento transformou o varejo, impulsionou novos modelos de negócios e alterou a relação entre marcas e consumidores.
O impacto da conectividade no consumo digital
A internet permitiu que os consumidores pesquisem, comparem preços e busquem avaliações antes de realizar uma compra.
Além disso, a migração para plataformas digitais ampliou o alcance das empresas e aumentou a exigência por experiências fluidas entre os canais online e offline.
“Hoje, os consumidores transitam entre diferentes plataformas, esperam personalização e querem um atendimento rápido e eficiente.
Isso exige que as marcas invistam em tecnologia e integração para oferecer uma experiência consistente”, afirma Kenneth Corrêa, professor de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e autor do livro Organizações Cognitivas: Alavancando o Poder da IA Generativa e dos Agentes Inteligentes.
Redes sociais como Instagram, Facebook e TikTok se tornaram canais estratégicos para reputação e relacionamento com clientes.
A mesma pesquisa da We Are Social indica que o Instagram tem 134,6 milhões de usuários no Brasil, enquanto o Facebook soma 111,3 milhões.
8 transformações no consumo digital
A seguir, Kenneth Corrêa destaca oito mudanças que impactaram profundamente os hábitos de consumo nos últimos 30 anos:
- O nascimento do e-commerce
O comércio eletrônico ganhou força no Brasil a partir de 1999.
Hoje, segundo o relatório The Global Payments Report, o mercado global de e-commerce deve crescer 55,3% até 2025, atingindo US$ 8 trilhões em transações.
Pesquisas apontam que 62% dos consumidores fazem de duas a cinco compras online por mês.
Além disso, 85% adquirem produtos pela internet ao menos uma vez no período.
O varejo físico precisou se reinventar para acompanhar essa transformação.
- A evolução dos meios de pagamento
Antes, as compras dependiam de dinheiro físico ou cartões.
Atualmente, PIX, carteiras digitais e modelos como buy now, pay later (BNPL) tornaram as transações mais rápidas e acessíveis.
“Hoje, até pequenos comércios vendem pelo WhatsApp, aceitam PIX e utilizam plataformas de entrega.
Isso mostra como a digitalização chegou a todos os níveis do varejo”, destaca Corrêa.
- A ascensão dos influenciadores digitais
A influência sobre decisões de compra migrou das propagandas tradicionais para criadores de conteúdo.
No Brasil, 144 milhões de pessoas estão ativas nas redes sociais.
Empresas como a Magalu transformaram assistentes virtuais em influenciadores digitais, criando vínculos emocionais com seus clientes.
- A consolidação dos aplicativos de delivery
A conveniência dos aplicativos mudou a forma como consumidores interagem com restaurantes, supermercados e farmácias.
Empresas como o Grupo Pão de Açúcar adotaram dark stores para entregas ultrarrápidas, atendendo às novas expectativas dos clientes.
- O streaming substituiu locadoras e lojas físicas
Netflix, Amazon Prime e outras plataformas transformaram o consumo de entretenimento.
O modelo também afetou o varejo editorial.
Grandes redes de livrarias perderam espaço para o comércio digital, refletindo a mudança na forma como as pessoas acessam cultura e informação.
- Personalização impulsionada por IA e big data
Com o avanço da inteligência artificial, varejistas analisam preferências e comportamentos para oferecer recomendações mais precisas.
Segundo o relatório Consumer Trends 2025, 78% dos consumidores preferem marcas que proporcionam experiências personalizadas.
- A economia compartilhada cresceu globalmente
Modelos como Airbnb, brechós online e locação de veículos elétricos mudaram a relação com a posse de bens.
Novos ecossistemas de compartilhamento continuam surgindo, otimizando recursos e promovendo consumo sustentável.
- O metaverso e o futuro do consumo digital
Com a evolução da tecnologia, o metaverso cria novas possibilidades de interação entre marcas e clientes.
“Grandes empresas já usam ambientes virtuais para treinamento, engajamento e negócios.
Os óculos de realidade aumentada são uma tendência, permitindo que os consumidores visualizem informações sobre produtos em tempo real”, explica Corrêa.
O futuro do consumo digital
O avanço da inteligência artificial generativa deve transformar ainda mais a experiência digital nos próximos anos.
“Empresas já alcançam ganhos de produtividade de até 40% com IA generativa.
O desafio agora é integrar redes de agentes inteligentes para otimizar processos e melhorar a relação com os consumidores”, afirma Corrêa.
A privacidade e a ética digital também serão temas centrais.
À medida que a personalização avança, as empresas precisarão equilibrar inovação e proteção de dados.
“Há 30 anos, a internet revolucionou o consumo.
Nos próximos 30, novas tecnologias continuarão transformando a forma como compramos, interagimos e vivemos no mundo digital e físico”, conclui Kenneth Corrêa.