O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse que espera julgar o inquérito sobre a suposta tentativa de golpe em 2025 para evitar “tumultos” durante o ano eleitoral, em 2026. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 39 pessoas foram indiciados pela Polícia Federal no caso.
“Eu espero que esse processo seja julgado ainda em 2025, para que a gente talvez não tenha tumultos em 2026, quando estaremos com o ano eleitoral começado”, afirmou o ministro em entrevista ao canal Brasil Confidencial, no YouTube, nesta segunda-feira (20).
A Procuradoria-Geral da República (PGR) está analisando os autos para decidir se oferecerá denúncia contra os indiciados. Mendes destacou que, caso a PF indicie mais pessoas, as eventuais denúncias poderão ser “fatiadas”. O decano do STF destacou que a suposta trama golpista foi a primeira com “invólucro” militar desde a redemocratização.
Mendes também comentou sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que impediu Bolsonaro de ir à posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Para o decano, Moraes não deve ter cogitado apenas o risco de fuga do ex-presidente e preferiu “não correr qualquer risco”.
“Não sei se foi só essa a cogitação do ministro Alexandre, talvez ele tenha dados constantes dos autos que permitam fazer uma avaliação mais rigorosa. Nós não podemos esquecer que estamos às véspera de um eventual oferecimento de denúncia nesse tema, portanto, é muito delicado, ele preferiu certamente não correr qualquer risco”, ponderou.
Mais cedo, o ex-presidente criticou Moraes e declarou que pode fugir do Brasil, mesmo sem passaporte. “Um juiz que é o dono de tudo aqui no Brasil. É o dono da sua liberdade. Ele abre inquérito, ele te ouve, ouve o delator. Ele é o promotor, ele é o julgador, ele encaminha o seu juiz para fazer a audiência de custódia, tudo ele. Tira teu passaporte. Eu não sou réu. Eu posso fugir agora, qualquer um pode fugir”, disse o ex-presidente em entrevista ao canal AuriVerde Brasil, no YouTube.
Mendes disse que o relatório da PF “impressiona” e que a investigação foi “extremamente bem feita”. “Fiquei particularmente impressionado já lá atrás com os dados daquela reunião em que altas figuras da República falaram abertamente de constranger o Poder Judiciário”, afirmou.
O decano se referiu à reunião ministerial do governo Bolsonaro realizada em 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto. O vídeo da reunião foi encontrado no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A gravação foi usada como uma das bases da Operação Tempus Veritatis.