O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (8) que cabe à Petrobras a decisão sobre a distribuição dos dividendos extraordinários aos acionistas. Sem entrar em detalhes sobre quais informações têm discutido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro disse que o tema está bem encaminhado.
“A gente tem levado muitas informações para o presidente sobre a situação do caixa da Petrobras. Estamos falando com os diretores da Petrobras, com alguns conselheiros, para que o presidente possa ter tranquilidade de que o plano de investimento da Petrobras não vai ser prejudicado por falta de financeiro”, informou Haddad a jornalistas em Brasília.
O ministro, no entanto, evitou falar sobre a situação do presidente da estatal, Jean Paul Prates, cuja possibilidade de demissão ganhou força desde a semana passada.
“Eu não discuto isso com o presidente. O que eu discuto com o presidente são cenários econômicos da empresa e do Executivo”, disse.
O nó dos dividendos racha o governo em duas alas
A decisão de reter ou distribuir os dividendos extraordinários para os acionistas da Petrobras, em março, foi o divisor de águas em uma briga – até então camuflada – entre duas alas do governo federal.
De um lado, o presidente da estatal, apoiado por Haddad, era a favor de distribuí-los em 50%. Do outro, os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, eram contra e defendiam que os recursos extras fossem retidos.
Desde então, a tensão que já existia entre Silveira e Prates aumentou, escalando para uma “lavação de roupa suja” pública. Como todo essa situação afeta acionistas, mercado, além de forte volatilidade nas ações, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) instaurou um processo administrativo para investigar o caso. A troca de comando e decisões sobre dividendos de uma empresa como Petrobras deveria seguir critérios, processos, fatos relevantes, etc.
No caso da decisão de março, Lula seguiu a opinião de Silveira de reter o pagamento dos dividendos extraordinários. Na semana passada, o ministro criticou o que chamou de “lucros exorbitantes” da Petrobras e a postura do mercado sobre os dividendos: “Não podemos admitir que a Petrobras tenha um único e exclusivo objetivo de ter lucros exorbitantes para poder distribuir aos seus acionistas”, afirmou Silveira à GloboNews.
O presidente Lula tem se mantido omisso sobre a briga e o tema. Além de Prates e Silveira, os ministros Haddad e Costa também estariam num embate sobre os dividendos.
Segundo a colunista Malu Gaspar, o titular da Fazenda quer que seja liberado o total de R$ 43,9 bilhões de dividendos, dos quais a União recebe cerca de R$ 13 bilhões. Mas o ministro da Casa Civil quer haja a liberação de 50% desses quase R$ 44 bilhões em dividendos extraordinários.