O número de estelionatos quadruplicou, nos últimos 5 anos, no Brasil, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023. Em todo o país, foram registrados quase 2 milhões de casos por ano – em média, 208 por hora. Ainda conforme o levantamento, só em 2022, houve um aumento de 38,5% neste tipo de crime, em relação ao ano de 2021.
Os principais alvos dos criminosos são idosos, como a dona Miriam. Após receber uma suposta mensagem da filha, pedindo dinheiro, ela não pensou duas vezes para fazer a transferência. “Ela falou ‘mãezinha’, e eu falei ‘bom, é minha filha, né?'”, lembrou a empresária. “Mãezinha, você pode mandar mais R$ 1.500, porque tem mais uma coisa, e eu não estou conseguindo liberar meu cartão”.
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Ao todo, foram quatro transferências para os golpistas. O perfil da filha de Miriam tinha sido clonado por criminosos. O prejuízo chegou a R$ 8 mil. “Eu fiquei abalada, emocionalmente, porque você se sente fragilizada”, acrescentou a empresária.
Todos os dias, milhões de brasileiros recebem mensagens de golpistas com ameaças. Em uma delas, o texto informa que será feita a “penhora de contas vinculadas ao CPF” da vítima, devido a um “protesto em cartório”. Em outra, o estelionatário afirma que existe um “juízo arbitral requisitado com pedido de penhora de contas e bens”.
A equipe de jornalismo do SBT decidiu ligar para um desses números, para entender como o golpe funciona. Na ligação, o criminoso pediu à produtora dados e limite de valores, tanto da conta-corrente quanto do cartão de crédito dela.
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No fim, manda entrar no aplicativo do banco e digitar um código numérico no pix, para bloquear valores e evitar fraudes. “Copia ele todo, senhora. Vai na área de pix e a gente vai estar retendo o valor, tá?”, diz o golpista. Na prática, porém, a ação resultaria em uma transferência para uma conta bancária em nome de outra pessoa.
No caso do crime de estelionato, a lei torna agravante o furto qualificado, por meio eletrônico, com pena de 4 a 8 anos de prisão e multa. “Primeiro, o banco jamais vai entrar em contato com você por telefone para fazer esse questionamento. Então, desligue essa ligação, e entre você em contato com o seu banco. Se não for possível, se não tiver um gerente de sua confiança, entre você no seu aplicativo bancário”, orienta o delegado Luiz Alberto Guerra.
Depois de perder o dinheiro, a família de Miriam criou uma estratégia para não cair mais em golpes como este. “Toda vez que eu precisar, eu jamais vou mandar mensagem. Dificilmente, eu vou até ligar. Geralmente, eu vou falar ‘Mãe, a gente pode conversar? A gente pode almoçar juntas?’. Não dá para ser por mensagem, acho que tem que ser assim, pessoalmente”, conclui Renata, filha da dona Miriam.