As eleições municipais brasileiras revelaram uma tendência significativa nas principais cidades do país, disse o cientista político Leonardo Barreto, sócio da consultoria Think Policy, no WW.
Apesar de uma aparente dominância de partidos de centro em prefeituras menores, as grandes metrópoles demonstraram uma clara guinada à direita.
Barreto adverte sobre a importância de não projetar a conjuntura nacional sobre o cenário local, enfatizando a necessidade de analisar os resultados como fenômenos individuais em cada município.
“Acho que o mais adequado é a gente procurar olhar o que aconteceu enquanto conjunto de fenômenos individuais nas cidades e tentar extrair quais são os recados daí”, afirmou o especialista.
Domínio do centro em pequenas prefeituras
O cientista político destaca que partidos como o MDB e o PSD conquistaram um número expressivo de prefeituras, o que proporciona uma valiosa capilaridade para as eleições de deputados federais.
Esta presença massiva em municípios menores pode ser um recurso estratégico para futuras disputas eleitorais.
Avanço da direita nas grandes cidades
Contudo, ao analisar as maiores cidades brasileiras, Barreto identifica uma tendência conservadora mais acentuada. “Se a gente separar as maiores cidades, existe uma guinada à direita muito significativa”, observa.
O Partido Liberal (PL), por exemplo, destacou-se tanto em vitórias quanto em participações em segundos turnos, superando significativamente outros partidos como o União Brasil.
Esta dualidade entre o domínio do centro em cidades menores e o avanço da direita nos grandes centros urbanos oferece insights valiosos para a compreensão do cenário político nacional.
Barreto sugere que nas metrópoles, onde o voto de opinião tem maior peso, a força da direita se mostrou “bem significativa, bem marcante”.
O cientista político conclui que essa análise bifurcada pode ser útil para prever tendências tanto para as composições futuras do Congresso e da Câmara, quanto para as inclinações do eleitorado nas próximas eleições nacionais de 2026.
A dinâmica observada nas urnas municipais pode, portanto, ser um indicador importante das correntes políticas que moldarão o futuro político do Brasil.