Pela primeira vez em 175 anos, os migrantes são a única causa que explica o crescimento da população dos Estados Unidos entre 2022 e 2023, em meio a um declínio da taxa de natalidade, segundo o Instituto de Políticas Migratórias (MPI).
A migração “tem contribuído de forma importante para o crescimento da população norte-americana, que desacelerou na última década devido à queda das taxas de natalidade”, explica o centro com sede em Washington.
Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o número provisório de nascimentos nos Estados Unidos em 2023 foi de 3.591.328, uma queda de 2% em relação a 2022.
Nesse ano, a taxa global de natalidade foi de 1.616,5 nascimentos por 1.000 mulheres, acrescentam os dados.
Diante dessa desaceleração demográfica, “a migração representou todo o crescimento da população total dos Estados Unidos entre 2022 e 2023, a primeira vez que isso ocorre desde o início da coleta de dados censitários” em 1850, informou o MPI.
A população imigrante aumentou em 1,6 milhão de pessoas nesse período, o que equivale a um crescimento de aproximadamente 3,6%.
Em 2023, havia 47,8 milhões de migrantes residindo nos Estados Unidos, de acordo com dados do Censo.
Trata-se da “maior quantidade na história do país”, afirma o MPI, segundo o qual os migrantes representaram 14,3% da população norte-americana, que soma 331,9 milhões de habitantes, próximo ao recorde de 14,8% registrado em 1890.
Desses migrantes, “quase três quartos estavam no país legalmente como cidadãos naturalizados, residentes permanentes legais”, ou seja, com o famoso green card, ou ainda com “vistos temporários”, especifica o MPI.
O grupo mais numeroso, de longe, era o de nascidos no México, com 10,9 milhões de pessoas em 2023, representando 23% da população migrante nos EUA, em comparação com 29% em 2010.
Na sequência, estavam Índia e China (incluindo Hong Kong e Macau), com 6% e 5% do total, respectivamente.
Outros países de destaque incluem Filipinas (4%); El Salvador, Cuba, Vietnã, República Dominicana e Guatemala (cerca de 3% cada um); e Colômbia (2%).
Segundo o guia estatístico publicado anualmente pelo MPI, o Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) prendeu 113 mil estrangeiros potencialmente sujeitos à deportação no ano fiscal de 2024, que começa em 1º de outubro do ano anterior e termina em 30 de setembro.
Esse número representa uma queda de 34% em relação às 171 mil detenções do ano anterior.
O Departamento de Segurança Interna realizou 685 mil deportações no ano fiscal de 2024, a maioria delas de pessoas que cruzaram ilegalmente a fronteira.
De acordo com dados da ONU, os Estados Unidos são o país com o maior número de migrantes no mundo, superando até mesmo os quatro seguintes da lista juntos (Alemanha, Arábia Saudita, Reino Unido e França).