mais
    HomePolítica 1Por que Brasil ajudou a derrubar resolução da OEA contra Maduro

    Por que Brasil ajudou a derrubar resolução da OEA contra Maduro

    PUBLICAÇÃO

    spot_img
    spot_img

    O Brasil se absteve na votação de uma resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) que solicitava à Venezuela a entrega imediata de suas atas eleitorais. Ao lado de outras 10 nações, incluindo Colômbia e México, a abstenção brasileira contribuiu para a não aprovação da resolução e a para a manutenção de um posicionamento menos incisivo da OEA diante dos graves indícios de fraude nas eleições venezuelanas. Estados Unidos, Canadá, Argentina, Chile e Uruguai, entre outros países, votaram pela aprovação do texto.

    Na reunião de votação, nesta quarta-feira (31), o representante brasileiro na OEA, embaixador Benoni Belli, repetiu o posicionamento já expressado pelo Ministério das Relações Exteriores no começo da semana, de que “o Brasil aguarda a publicação do CNE [Conselho Nacional Eleitoral] de dados desagregados, por mesa eleitoral”. Segundo ele, esse é um “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade das eleições”.

    “O Brasil está acompanhando com preocupação as protestos na Venezuela e clama a todos os atores político e sociais a serem muitos cuidadosos em suas expressões para evitar uma escalada de violência”, continuou. “Também clama todos os atores políticos venezuelanos a procederem em conformidade com o direito de manifestação pacífica a fim de assegurar o ambiente de diálogo e que contribui com a democracia”, disse Belli.

    A Gazeta do Povo questionou o Ministério das Relações Exteriores sobre a abstenção do Brasil na votação da resolução, mas o órgão não informou o motivo do posicionamento, apenas reiterou a espera pelos dados eleitorais da Venezuela.

    Analistas ouvidos pela Gazeta do Povo afirmam que a situação é delicada e que a abstenção brasileira se justificaria pela tentativa de manter as relações com a ditadura de Nicolás Maduro e uma eventual posição de mediador na crise eleitoral venezuelana.

    No entanto, a posição eleva a pressão internacional sobre o Brasil e pode levar a um isolamento do país na região, na medida em que democracias como EUA, Canadá, Argentina, Uruguai e Chile questionam os resultados das eleições presidenciais venezuelanas.

    A abstenção na OEA ainda agrava o que os especialistas percebem como uma dupla sinalização do governo brasileiro. Por um lado, solicita a publicação das atas eleitorais em comunicados oficiais. Por outro, evita uma cobrança contundente ao regime chavista. Soma-se a isso a fala de Lula de que não houve nada de “anormal” na eleição do país vizinho e a nota de seu partido, o PT, parabenizando o ditador Nicolás Maduro pela reeleição.

    “Há uma percepção de que o Brasil está mais para apoiar e que está tentando achar um argumento que legitime a posição do governo Maduro. Então, o governo brasileiro vai continuar usando o mesmo discurso, mas isso mina e coloca em risco a capacidade de mediação do Brasil na crise”, afirmou Denilde Holzhacker, professora de relações internacionais da ESPM, referindo-se à abstenção.

    Ela pondera ainda que diante de posturas mais incisivas, como as de EUA, Uruguai e Argentina, o Brasil pode ter sua posição esvaziada e colocada em xeque. “O Brasil não conseguiu construir uma liderança forte e coesa, apesar de ainda ser visto como um país muito importante para a região”, afirma ela.

    Para o sociólogo venezuelano Guillermo Pérez, o Brasil “está tentando não incomodar de maneira nenhuma a Venezuela para não romper os vínculos”, mas que isso causa um mal-estar muito grande, principalmente com a comunidade venezuelana em geral, incluindo os milhares que migraram para o Brasil.

    Por outro lado, a posição da diplomacia permitiu ao Brasil assumir a custódia das instalações da embaixada argentina na Venezuela, uma vez que os diplomatas argentinos foram expulsos pelo regime chavista.

    Em mensagem publicada na rede social X, o presidente Javier Milei destacou os “laços de amizade” entre Argentina e Brasil e expressou sua convicção de que “em breve” reabrirá sua embaixada “em uma Venezuela livre e democrática”. A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, também expressou sua gratidão ao Brasil.

    Na quarta-feira (31) o embaixador venezuelano no Brasil, Manuel Vadell, solicitou uma conversa telefônica entre Maduro e Lula Ainda sem hora marcada, as perspectivas são de que o telefonema ocorra nesta quinta-feira (1º).

    Até mesmo o PT está divido

    A dubiedade de posicionamento do governo reflete as divergências internas do Partido dos Trabalhadores. Em nota, a Executiva Nacional do PT, presidida por Gleisi Hoffmann (PT-PR), exaltou as eleições, chamando o processo de “jornada pacífica, democrática e soberana”. Ex-ministro da Casa Civil, o petista José Dirceu também exaltou a reeleição de Maduro e disse que o voto impresso utilizado no país vizinho é “seguro” e “inviolável”.

    Por outro lado, integrantes do partido têm se pronunciado a favor da transparência nas eleições por meio da divulgação das atas. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), criticou o resultado das eleições e afirmou que o regime vigente na Venezuela é “autoritário”.

    A postura mais moderada do Itamaraty é vista como um meio de manter a posição de mediação do Brasil. Guillermo Pérez afirma que o trabalho da diplomacia brasileira é muito relevante para continuar a luta pelos direitos políticos dos venezuelanos. Nesse sentido, ele pondera que a assinatura da resolução da OEA poderia ter sido contraproducente para a atuação do Ministério das Relações Exteriores na questão dos direitos dos opositores asilados na embaixada da Argentina.

    Em publicação no X, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) afirmou que o “resultado das eleições venezuelanas não merecem reconhecimento da comunidade internacional enquanto as exigências mínimas de transparência não forem satisfatoriamente atendidas”.

    Pressão internacional aumenta

    Durante a reunião da OEA que não aprovou a resolução pedindo transparência nas eleições da Venezuela, o ministro das Relações Exteriores do Peru, Javier González-Olaechea, criticou o Brasil e os países que se abstiveram na votação.

    “Houve 17 votos a favor, nem sequer alcançamos maioria, 11 abstenções e, se as contas não falham, 5 ausentes. O que significa se abster? No fundo, é não ter a suficiente vontade de expressar que estão a favor da verificação dos votos que, teoricamente, dão a vitória ao senhor Maduro”, disse o chanceler peruano.

    Ainda na quarta-feira (31) o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que assim como Lula é aliado de Maduro, questionou os resultados das eleições presidenciais na Venezuela, aumentando a pressão sobre um posicionamento mais enfático do Brasil, apesar da abstenção sobre a resolução. O líder colombiano afirmou que existem “sérias dúvidas” sobre a apuração do pleito. Ele pediu transparência eleitoral e que Maduro aceite o resultado, “seja qual for”.

    O que dizia a resolução não aprovada

    Além de solicitar a garantia de segurança nas instalações diplomáticas, a resolução pedia respeito aos direitos humanos, especialmente dos cidadãos se manifestarem pacificamente.

    O documento também reconhece a participação substancial da população nas eleições do dia 28 de julho e solicita que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela publique os resultados de cada mesa eleitoral, assim como suas atas, além de preservar a integridade de equipamentos e documentos relacionados às eleições.

    A Venezuela não faz parte da OEA o que segundo analistas, esvaziaria, de certa forma, os efeitos da resolução, mesmo se ela fosse aprovada.

    As informações são do site Gazeta do povo, Clique aqui

    spot_img
    spot_imgspot_img
    spot_imgspot_img
    spot_imgspot_img

    MAIS RECENTES

    Cantata de Natal no Edifício Prada é adiada para quinta-feira (18) devido à previsão de chuvas fortes em Limeira

    A Cantata de Natal “Natal pela Paz”, prevista para na noite deste sábado (13),...

    Everton Ferreira reforça compromisso da Câmara Municipal de Limeira com a transparência

    Reconhecida nacionalmente nos últimos anos por suas boas práticas de abertura de dados e...

    Aprovado projeto que aplica sanções aos proprietários de veículos que descartam lixo de forma irregular

    Na noite desta quinta-feira, 11 de dezembro, a Câmara Municipal aprovou, por meio do...

    Cantata de Natal nas janelas do Edifício Prada emociona público em Limeira

    O Edifício Prada recebeu, nesta sexta-feira (12), a primeira noite da Cantata de Natal....

    Mais Notícias

    Cantata de Natal no Edifício Prada é adiada para quinta-feira (18) devido à previsão de chuvas fortes em Limeira

    A Cantata de Natal “Natal pela Paz”, prevista para na noite deste sábado (13),...

    Everton Ferreira reforça compromisso da Câmara Municipal de Limeira com a transparência

    Reconhecida nacionalmente nos últimos anos por suas boas práticas de abertura de dados e...

    Aprovado projeto que aplica sanções aos proprietários de veículos que descartam lixo de forma irregular

    Na noite desta quinta-feira, 11 de dezembro, a Câmara Municipal aprovou, por meio do...