Israel e Hamas têm uma nova troca de reféns e detentos palestinos programada para o fim de semana, sobre a qual praticamente não foram divulgadas informações, em um contexto de incerteza após os comentários explosivos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o futuro de Gaza.
Vários reféns israelenses, sequestrados no ataque sem precedentes do Hamas em território israelense em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza, serão libertados no sábado 8 em troca de prisioneiros palestinos detidos em penitenciárias israelenses, segundo o acordo de cessar-fogo entre Israel e o movimento islamista que entrou em vigor em 19 de janeiro.
Até o momento não foram revelados detalhes sobre a troca. “Não temos informações sobre a lista de reféns que serão libertados no sábado”, disse à AFP um porta-voz do Fórum das Famílias de Reféns, a principal associação de parentes das vítimas, que voltou a pedir ao governo, nesta sexta-feira, para acelerar a liberação.
“Não desperdicem esta oportunidade”, afirmou o Fórum em um comunicado direcionado ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
As negociações indiretas entre Hamas e Israel sobre a segunda fase do acordo começaram na terça-feira no Catar, um dos três mediadores do processo, ao lado de Estados Unidos e Egito, segundo um porta-voz do movimento palestino. A nova etapa deve resultar na libertação de todos os reféns e no fim definitivo da guerra em Gaza.
Durante a visita a Washington do chefe de Governo israelense, Donald Trump anunciou a proposta surpreendente de assumir o controle do território palestino e transferir a população de Gaza para países vizinhos, com o objetivo de possibilitar a reconstrução.
“A Faixa de Gaza será entregue aos Estados Unidos por Israel ao final da luta”, afirmou Trump. Ele acrescentou que os palestinos serão “realocados em comunidades muito mais seguras e bonitas, com casas novas e modernas, na região”, como no Egito ou Jordânia, escreveu em sua rede Truth Social.
Os dois países, no entanto, rejeitaram com veemência a proposta.
“Ocupação”
Apesar de vago, o plano de Trump deixa em perigo a ideia de uma solução de dois Estados para solucionar o conflito palestino-israelense de décadas. A opção é defendida por grande parte da comunidade internacional, mas Israel se opõe.
Desde seu retorno à Casa Branca em 20 de janeiro, o republicano multiplicou os gestos de apoio a Israel. O mais recente aconteceu na quinta-feira, quando assinou uma ordem executiva que prevê sanções contra o Tribunal Penal Internacional (TPI) por empreender “ações ilegais” contra os Estados Unidos e Israel.
Benjamin Netanyahu presenteou o presidente americano com um pager dourado durante sua viagem a Washington, uma recordação da operação israelense com estes dispositivos contra o Hezbollah libanês que deixou 39 mortos e quase 3.000 feridos, segundo as autoridades libanesas.
Foto: Escritório de Imprensa do Governo de Israel/Reprodução
Após o início da guerra entre Hamas e Israel na Faixa de Gaza, o Hezbollah libanês abriu uma frente de batalha contra Israel, alegando atuar em apoio aos palestinos, o que desencadeou confrontos violentos transfronteiriços durante mais de um ano.
Apesar das críticas à proposta Trump em toda a comunidade internacional, Israel anunciou na quinta-feira que está preparando um plano para uma saída “voluntária” dos habitantes de Gaza.
“Rejeitamos substituir uma ocupação por outra. Gaza pertence ao seu povo, que não vai sair”, respondeu o Hamas.
O acordo permitiu quatro operações de libertação que envolveram 18 reféns israelenses e quase 600 palestinos. A primeira etapa da trégua deve permitir a libertação de 33 reféns, incluindo pelo menos oito mortos, e 1.900 palestinos.
Dos 251 sequestrados no ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023, 76 permanecem em cativeiro em Gaza, dos quais pelo menos 34 morreram, segundo o Exército de Israel.
O ataque do Hamas deixou 1.210 mortos do lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
A ofensiva israelense deixou pelo menos 47.583 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo os dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.