O Exército de Israel anunciou nesta quinta-feira 20 que recebeu “os corpos dos reféns” entregues pelo Hamas, por meio da Cruz Vermelha, que incluiriam os cadáveres de três membros da família de origem argentina Bibas.
“Os corpos dos reféns foram entregues na Faixa de Gaza a representantes do Exército e do Shin Bet”, a agência israelense de segurança interna, segundo um comunicado militar.
Das quatro vítimas devolvidas nesta quinta foram sequestradas em 7 de outubro de 2023, três são membros da mesma família: Shiri Bibas, uma mulher de origem argentina de 32 anos, e dos seus filhos, Ariel e Kfir, que tinham 4 anos e 9 meses, respectivamente, quando foram levados por membros do Hamas.
O grupo palestino alega que a morte do trio de reféns ocorreu durante um bombardeio israelense em novembro de 2023. As mortes, porém, nunca foram confirmadas por autoridades israelenses.
Yarden Bibas, marido de Shiri, foi libertado em 1º de fevereiro. Os quatro foram sequestrados ao mesmo tempo, mas Yarden ficou em um cativeiro separado.
Combatentes do Hamas escoltam o refém israelense Yarden Bibas em um palco antes de entregá-lo a uma equipe da Cruz Vermelha, em Khan Yunis, em 1º de fevereiro de 2025, como parte da quarta troca de reféns e prisioneiros.
Foto: Eyad BABA / AFP
‘Devastados’
O retorno a Israel dos corpos dos reféns é um drama nacional e “nossos corações estão devastados”, afirmou o presidente israelense, Isaac Herzog, sobre o caso.
“Agonia. Sofrimento. Não há palavras”, escreveu o Herzog na rede social X: “Nossos corações — os corações de uma nação inteira — estão devastados. Em nome do Estado de Israel, inclino minha cabeça e peço perdão. Perdão por não proteger vocês naquele dia terrível. Perdão por não trazê-los para casa com vida”.
Já o premiê Benjamin Netanyahu disse que Israel terá “um dia profundamente comovente, um dia de luto”.
Em Tel Aviv, o instituto forense que deve receber os quatro corpos tomou medidas para acelerar a sua identificação, informou a emissora pública israelense Kan nesta quarta-feira, acrescentando que dez médicos foram mobilizados para realizar os exames.
Seis reféns serão libertados no sábado
O acordo de trégua, negociado com mediação de Catar, Egito e Estados Unidos, está composto por três fases e entrou em vigor depois de mais de 15 meses de guerra.
A primeira etapa prevê a troca de 33 reféns israelenses por 1.900 presos palestinos.
Os termos da segunda etapa, que deve supor o fim definitivo da guerra e a libertação de todos os reféns, devem ser concluídos antes de 2 de março. E se esta parte se desenvolver como previsto, a terceira e última fase vai se concentrar na reconstrução de Gaza.
O Hamas afirmou na quarta-feira que está disposto a libertar todos os reféns de uma só vez durante a segunda fase do acordo. As negociações para essa fase vão começar “esta semana”, garantiu o titular da diplomacia israelense, Gideon Saar.
Na terça-feira, Hamas e Israel anunciaram um acordo para a libertação de seis reféns israelenses no sábado. Serão os últimos cativos “vivos” libertados em virtude da primeira fase da trégua, declarou o negociador-chefe do Hamas, Khalil al Hayya.
O fórum de familiares de reféns indicou que se trata de Eliya Cohen, Tal Shoham, Omer Shem Tov, Omer Wenkert, sequestrados em 7 de outubro, bem como Hisham al Sayed e Avera Mengistu, que estão cativos em Gaza há cerca de dez anos.
Desde 19 de janeiro, 19 reféns israelenses foram libertados em troca de mais de 1.100 presos palestinos detidos em instalações israelenses.
Uma ‘trégua’ duradoura
A proposta do Hamas de libertar os reféns restantes de uma só vez durante a próxima fase demonstra sua “plena vontade de avançar” com vistas a “consolidar o cessar-fogo e conseguir uma trégua duradoura”, afirmou Taher al Nunu, um responsável do grupo islamista.
Segundo o Exército israelense, das 251 pessoas sequestradas em 7 de outubro, 70 continuam em Gaza, das quais 35 estariam mortas.
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 deixou 1.211 mortos em Israel, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses, incluindo os reféns falecidos.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva devastadora na Faixa de Gaza, que já deixou pelo menos 48.297 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do território, cujos números são considerados confiáveis pela ONU.
(Com informações de AFP)