O Comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, se manifestou contra um projeto de lei que pretende inscrever João Candido Filisberto no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. O militar enviou uma carta à Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados.
Também conhecido como Almirante Negro, João Cândido liderou a Revolta da Chibata, rebelião que aconteceu em novembro de 1910, no Rio de Janeiro, contra os castigos físicos praticados por oficiais brancos em marinheiros afro-brasileiros.
A Revolta da Chibata foi um dos primeiros grandes movimentos de protesto contra o governo no Brasil e ajudou a impulsionar a Reforma Militar de 1911, que melhorou as condições de vida e de trabalho nas Forças Armadas.
Ao questionar o teor do projeto de lei, de autoria do deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), Olsen alegou que a Revolta dos Marinheiros “se deu pela ação violenta de abjetos marinheiros”, em violação à hierarquia e à disciplina.
O almirante considerou que a ação dos militares por melhores condições de trabalho mirava “vantagens corporativistas e ilegítimas”. Escreveu também que os castigos físicos praticados nos navios foram reconhecidos, posteriormente, como equivocados e indignos. “Porém, resta notável diferença entre reconhecer um erro e reconhecer um heroísmo infundado”, acrescentou.
O projeto já tramitou no Senado e aguarda votação na Comissão de Cultura da Câmara.