A inflação no Brasil ultrapassou o teto da meta em 2024, registrando uma alta acumulada de 4,83%. A elevação dos preços foi generalizada, mas alguns itens tiveram impacto mais severo no bolso dos brasileiros.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nesta sexta-feira 10, os custos com alimentação, saúde e transportes — básicos para a rotina — aceleraram acima da média.
O que mais pesou no orçamento
O IBGE divide os produtos e serviços em nove categorias para calcular o IPCA. A de maior aumento em 2024 foi alimentação e bebidas, que subiu 7,69%, superando o reajuste do salário mínimo e reduzindo o poder de compra. Esse grupo contribuiu com 1,63% do índice total.
Comer ficou mais caro em todos os contextos, seja em casa ou fora. A alimentação fora de casa aumentou 6,29%, enquanto a alimentação em domicílio teve uma alta ainda maior, de 8,23%.
O peso do supermercado no orçamento ficou evidente em itens básicos como o café. O grão moído subiu expressivos 39,60%, afetado pelas mudanças climáticas.
Os economistas cunharam o termo “inflação climática” para descrever o impacto de eventos extremos, como secas e inundações, na produção agrícola. Além disso, a valorização do dólar incentivou exportações, reduzindo a oferta no mercado interno.
Outro destaque foi a carne, que teve aumento de 20,84%, o maior desde 2019, quando os preços subiram 32,4%. Após quedas até setembro, os valores dispararam no último trimestre de 2024 devido à chamada inversão do “ciclo pecuário”, com menor volume de abates e oferta reduzida.
André Almeida, gerente de pesquisa do IBGE, explicou: “Houve menor disponibilidade de animais para abate, o que pressionou os preços.” Além disso, os eventos climáticos intensificaram os impactos da entressafra, restringindo pastagens.
Na saúde, os gastos subiram 6,09%. Mesmo com o teto de reajuste dos planos fixado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os planos individuais tiveram alta de 7,87%, enquanto os medicamentos subiram 5,95%.
No transporte, os preços também pesaram, seja para quem tem veículo próprio ou depende de transporte público e aplicativos. A gasolina subiu 9,71%, e o etanol, ainda mais, com alta de 17,58%.
Alívio nas contas
Apesar das altas, alguns itens ficaram mais baratos. A cebola, o tomate e a batata inglesa recuaram 35,31%, 25,86% e 12,53%, respectivamente.
Os preços das passagens aéreas também caíram 12,20%, acompanhados de uma redução de 3,84% nos pacotes turísticos, tornando as viagens mais acessíveis.
A energia elétrica residencial apresentou comportamento incomum. Apesar da adoção da tarifa vermelha no segundo semestre devido à seca histórica, o preço caiu 0,37% ao final do ano.