A Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria de Assistência, Desenvolvimento Social e Família, realizou nesta sexta-feira, 09/05, no Instituto Pecege, um encontro com profissionais da área para discutir os casos de abuso e violência contra crianças e adolescentes registrados no município. Este foi o quarto encontro realizado pela Pasta em 2025, que tem como objetivo alinhar e fortalecer a atuação da rede de proteção em Piracicaba.

A abertura do evento contou com uma apresentação das crianças atendidas pelo Centro de Convivência Intergeracional do bairro Jardim Itapuã, que fez uma interpretação em Libras da música Naquela Rua, da cantora Marcela Tais. Em seguida, as equipes da Proteção Social Especial e dos Conselhos Tutelares do município apresentaram dados e compartilharam experiências relacionadas ao atendimento de crianças e adolescentes em situação de violência em Piracicaba.

De acordo com os dados divulgados, somente em 2024 os serviços de assistência social do município atenderam 444 casos de violência intrafamiliar, 336 casos de negligência ou abandono, 298 casos de abuso sexual e nove casos de exploração sexual. Já o Disque 100, canal nacional de denúncias de violações de direitos humanos que funciona 24 horas, recebeu no segundo semestre de 2024 um total de 1.312 denúncias de casos que ocorreram em Piracicaba, das quais 1.228 referem-se à violência contra crianças e adolescentes.
O conselheiro tutelar Jeferson Moraes destacou a situação de Piracicaba ao apresentar os dados dos três Conselhos Tutelares do município: foram atendidos 246 casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes em 2024, uma média de 20,5 casos por mês.
Além disso, foram recebidas 4.377 denúncias de violações de direitos envolvendo crianças e adolescentes em 2024, sendo 1.294 registros feitos no Conselho Tutelar 1, 1.551 no Conselho Tutelar 2 e 1.532 no Conselho Tutelar 3.
“São dados alarmantes, que reforçam a importância da escuta especializada no município. Precisamos pensar na atuação intersetorial, principalmente quando falamos de crianças e adolescentes”, enfatizou Moraes.

do evento como espaço de encontro e diálogo
Nayara Santos, que atua na equipe volante do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), do bairro Piracicamirim, reforçou a relevância do evento como espaço de encontro e diálogo entre os profissionais da rede. “É muito importante que a gente se conheça pessoalmente e compartilhe conhecimento, principalmente sobre esse tema tão sensível. Esses momentos contribuem diretamente para a atuação qualificada nos territórios”, afirmou.
A secretária municipal de Assistência, Desenvolvimento Social e Família, Fernanda Varandas, conduziu uma palestra abordando os aspectos legais e práticos da escuta especializada e da rede de proteção. “A violência contra crianças e adolescentes levantam uma questão social grave, que reflete um cenário complexo e que exige atenção. Esses encontros fazem parte da política de educação permanente da nossa gestão. Nosso objetivo é garantir que todos compreendam os fluxos e saibam como atuar em rede”, destacou.
Além de ser uma parada técnica para formação e reflexão, o evento também reforçou a importância da mobilização do mês de maio, período dedicado à luta contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. A campanha nacional, marcada pelo Dia 18 de Maio — Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes — foi lembrada durante o encontro. “Essas iniciativas buscam sensibilizar a sociedade e os órgãos públicos para a necessidade urgente de proteção da infância e do fortalecimento da atuação intersetorial, ainda considerada frágil”, destacou Varandas.
