A confirmação da entrada em vigor das novas tarifas de até 50% impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras coloca milhares de empresas em alerta. A medida, anunciada pelo presidente americano Donald Trump, passa a valer a partir de 1º de agosto, sem possibilidade de adiamento ou carência. O impacto direto recai sobre setores estratégicos da indústria nacional — e, em especial, sobre as micro e pequenas empresas exportadoras.
Diante do cenário, o SIMPI (Sindicato da Micro e Pequena Indústria) recomenda ação imediata. “Esperar por uma resposta diplomática ou auxílio governamental não é uma alternativa viável para os pequenos negócios. O momento é de negociação, adaptação e reposicionamento estratégico”, afirma Joseph Couri, presidente nacional da entidade.
Exportações ameaçadas
Embora as micro e pequenas indústrias representem cerca de 1% das exportações brasileiras, o segmento é particularmente vulnerável às oscilações do mercado internacional. Muitas dessas empresas estão integradas a cadeias produtivas de grandes indústrias e fornecem bens de consumo intermediários ou produtos com forte sazonalidade.
“A perda de competitividade pode redirecionar contratos para países com tarifas menores. Isso afeta não só a exportação direta, mas todo o ecossistema de fornecedores e parceiros envolvidos”, alerta Couri.
Perdas potenciais e incerteza
Até a entrada em vigor das novas tarifas, o ambiente de incerteza compromete a confiança entre fornecedores e compradores internacionais. A falta de previsibilidade pode levar ao cancelamento de pedidos, esvaziamento de estoques e cortes na produção, especialmente em empresas que atuam com margens apertadas e pouca capacidade de absorver custos adicionais.
Para o SIMPI, o maior risco não é a tarifa em si, mas a inação. “O empresário que não se movimentar corre o risco de perder clientes e relevância no mercado internacional”, destaca o presidente da entidade.
Ações imediatas
O sindicato propõe um conjunto de estratégias para mitigar os efeitos do tarifaço e preservar relações comerciais:
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Negociar diretamente com clientes internacionais, buscando revisar temporariamente cláusulas de pagamento, prazos e quantidades;
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Explorar mercados alternativos, especialmente na América Latina, África e Ásia, com base em acordos bilaterais mais favoráveis;
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Aproveitar acordos regionais, como o Mercosul, para compensar parte da queda nas exportações aos EUA;
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Redirecionar parte da produção ao mercado interno, com apoio de canais digitais, marketplaces e redes varejistas que priorizam fornecedores locais diante da alta do dólar.
Agilidade e proteção de ativos
Couri enfatiza que, em guerras tarifárias, todos perdem — inclusive os Estados Unidos. Mas para o pequeno empresário brasileiro, a sobrevivência depende de agir com rapidez e inteligência. “Quem resistir ao primeiro impacto será aquele que proteger seus ativos de relacionamento e não hesitar em adaptar sua estratégia. Este é o momento de negociar, não de esperar”, conclui.









