Entra em cartaz no cinema, nesta quinta-feira 21, o longa documental Razões Africanas, de Jefferson Mello. O filme vai ao interior da África buscar as origens de três importantes gêneros musicais das Américas criados a partir da diáspora africana no continente.
O documentário foca em três personagens com relação visceral com o jongo, a rumba e o blues no Brasil, em Cuba e nos Estados Unidos, respectivamente. Os três contam histórias e fazem a conexão com a ancestralidade.
No caso do Brasil, Lazir Sinval relata seu contato com o núcleo de jongo no Morro da Serrinha, em Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro. O filme mostra em Lubango, no sul de Angola, elementos da cultura local trazidos para cá e reconstituídos com batuques, dança, cantigas e pontos.
Já com relação a Cuba, o longa encontra em Havana um grupo de rumba em uma representação autêntica. Eva Despaige conta sobre o ritmo, que também reúne canto, dança e tambores. No Congo, na região de Kimpese, traços culturais daquele povo apresentados no filme sugerem uma estreita relação com a rumba.
O longa revela ainda as raízes do blues em solo americano a partir do compositor, guitarrista e harmonicista Terry ‘Harmonica’ Bean, do Mississipi.
Ele tem estilo bluseiro do Delta do Mississipi, onde o gênero teria surgido. Na província de Kita, no Mali, tocadores de instrumentos de cordas tradicionais seriam a chave para entender a origem do blues do outro lado do Atlântico.
O filme apresenta também depoimentos de pesquisadores da África e das Américas, que enriquecem ainda mais as histórias. Os três gêneros representam a gênese da música das Américas.
A rumba ganhou força como dança ao longo do tempo. O blues é um dos pilares da cultura americana, ao influenciar diferentes gêneros musicais dos Estados Unidos, como o jazz e o rock. O jongo teve um papel decisivo na formatação do samba, umbilicalmente ligado à história social do País.
Razões Africanas também apresenta o componente afro-religioso desses gêneros, trazidos pelos africanos escravizados nas Américas. O documentário reafirma uma das grandes contribuições africanas no continente: a música.