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    imprensa francesa exalta ‘Ainda Estou Aqui’ – Cultura – CartaCapital

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    Os principais jornais franceses abordam a estreia do longa Ainda Estou Aqui nesta quarta-feira 15 nos cinemas do país. Os críticos não poupam elogios à obra dirigida por Walter Salles.

    “Um ‘no pasaran’ brasileiro”, diz o título da matéria do jornal Le Figaro sobre o filme, descrito como “um afresco histórico cativante que revisita as horas mais obscuras da ditadura militar do Brasil”. A crítica do diário relata o longa em dois tempos: um primeiro como “um mergulho” no verão de uma família burguesa do Rio nos anos 1970 e o segundo, quando a vida dos Paiva é sacudida pela prisão e o desaparecimento do pai, Rubens, ex-deputado da esquerda, levando sua mulher, Eunice, a uma metamorfose que a transforma “no rosto da resistência à ditadura brasileira”.

    Le Figaro destaca que o retrato desta mulher, “luminosa e ardente”, tornou o filme em um fenômeno, levando três milhões de expectadores aos cinemas no Brasil. A matéria salienta que a interpretação de Fernanda Torres foi recompensada no Globo de Ouro, desbancando as favoritas Angelina Jolie e Nicole Kidman. “Quem sabe os Oscars se renderão ao charme desta ode brasileira à resistência?”, questiona.

    O jornal Libération dedica duas páginas à estreia de Eu Estou Aqui nos cinemas franceses. Para a crítica do diário, a interpretação de Fernanda Torres é “fascinante” e a atriz se supera utilizando “contenção e a sutileza” contra “as armadilhas do melodrama”. A matéria afirma que a performance da atriz torna perceptível a angústia da situação e a necessidade de não colapsar em nome dos filhos e da esperança de reencontrar o marido.

    Reconstituição dos Anos de Chumbo

    O Libération também contextualiza o longa, explicando aos leitores franceses o que foi a ditadura militar brasileira, após o golpe de 1964. Para o diário, Ainda Estou Aqui refresca a memória sobre os chamados “Anos de Chumbo”, o que irritou a extrema-direita brasileira.

    A correspondente do jornal em São Paulo, Chantal Rayes, escreve que a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro suscitou a ira de ex-membros do governo de Jair Bolsonaro, como Mario Frias, ex-secretário da Cultura, que publicou na rede social X que a obra de Salles “não é uma vitória do Brasil”, mas uma “autobajulação de militantes radicais da esquerda mundial”.

    Para o jornal La Croix, o longa “elegante e romanesco” reconstitui uma época “obscura” por meio da reconstrução das memórias da família Paiva. O diretor de Central do Brasil e Diários de Motocicleta descreve por meio de um relato íntimo, “o vazio da ausência” e “as esperanças despedaçadas de um país inteiro do reconhecimento da responsabilidade da ditadura militar”.

    “Um grande filme impressionante e político”, diz o jornal Les Echos. Para o diário, o fato de Salles ter frequentado a casa dos Paiva durante sua adolescência e ter conhecido a intimidade desta família explica a exatidão do longa, “uma viagem pelas memórias feridas de um Brasil que ainda não acertou as contas com o passado”.

    Crítica do Le Monde suscita polêmica no Brasil

    A crítica publicada pelo jornal Le Monde, cuja falta de entusiasmo sobre Ainda Estou Aqui viralizou nas redes sociais brasileiras, retraça de forma breve a carreira de Salles e descreve o filme em dois principais atos; o segundo concentrado na história de um sofrimento “indescritível” e de resiliência de Eunice Paiva. Entretanto, para o autor do texto, o jornalista francês Jacques Mandelbaum, o “foco melodramático” na figura desta mãe de família relega os outros personagens ao segundo plano, abordando “de forma leve (…) o mecanismo totalitário”.

    Para o crítico, apesar de ter obtido o prêmio de melhor interpretação feminina no Globo de Ouro, a atuação de Fernanda Torres é “um tanto monótona”. Segundo Mandelbaum, o trabalho da atriz remete a outro personagem mítico do cinema brasileiro, Clara, vivida por Sônia Braga em Aquarius, de Kléber Mendonça Filho. Mas o jornalista do Le Monde acredita que Salles se arriscou em uma “representação muito hierática do sofrimento e do sacrifício de si mesmo”.

    Informações são do site Carta Capital, Clique aqui

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