A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), afirmou nesta quarta-feira (8) que o corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros da economia pelo Comitê de Política Monetária (Copom) é um “crime contra o país”. Desde agosto de 2024, o Copom mantinha o patamar de redução em 0,5 ponto percentual. A Selic foi fixada em 10,50% ao ano em uma reunião que dividiu os diretores do Banco Central.
“É um crime contra o país a decisão do Copom, de cortar apenas 0,25 ponto da maior taxa de juros do planeta. Não há fundamento econômico para isso e houve divergência de quatro diretores nessa decisão. A inflação está sob controle e em queda, o ambiente de investimentos melhora, os empregos também”, disse a parlamentar no X.
Além de demonstrar a desaceleração no ritmo de cortes, a decisão expôs a divergência entre os diretores do Banco Central indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Votaram pela redução de 0,25 ponto percentual na Selic, os diretores indicados durante o governo Bolsonaro: Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.
Do outro lado, Ailton de Aquino Santos, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira defenderam o corte de 0,50 ponto percentual. O voto de desempate foi dado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, nomeado por Bolsonaro e criticado por Lula.
Para Gleisi, a decisão representa uma “sabotagem” ao governo. “O nome disso é sabotagem. Contra o desenvolvimento, contra o Brasil. Esta é a consequência da ‘autonomia’ do BC, que permitiu o prolongamento do mandato de uma direção bolsonarista, que faz política e oposição ao governo eleito pelo povo”, criticou a deputada.
Em abril, o governo Lula decidiu rever a meta prevista para 2025, que passou a ser de déficit zero em vez de um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). A revisão foi anunciada pouco mais de sete meses após a sanção do arcabouço fiscal. Após a reunião desta tarde, o comitê alertou que eventuais quedas na Selic “serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.