Quase 60% dos microempreendedores individuais brasileiros pretendem investir em seus negócios ao longo de 2025.
O dado faz parte de uma pesquisa conduzida pelo Sebrae, que analisou as intenções de investimento entre os MEIs em diferentes setores.
Segundo o levantamento, os principais focos são a compra de máquinas, melhorias na estrutura física e estratégias de marketing nas redes sociais.
Indústria lidera intenção de investir em equipamentos
Entre os segmentos avaliados, o setor industrial registra a maior taxa de intenção de investimento em 2025.
Cerca de 60% dos MEIs da indústria planejam ampliar instalações e adquirir novos equipamentos.
No setor de serviços, 50% querem melhorar a infraestrutura e 46% pretendem aplicar recursos em ações de divulgação.
No comércio, 40% planejam investir em equipamentos e 38% miram no reforço do capital de giro.
Esse movimento sinaliza a preocupação dos empreendedores com o fluxo de caixa e com a manutenção da operação.
Regiões Norte e Centro-Oeste lideram intenções de investimento
As regiões Norte e Centro-Oeste apresentam os maiores índices de intenção de investimento entre os MEIs.
Em ambas, 67,6% dos entrevistados demonstram planos de expansão e melhorias estruturais.
A região Nordeste vem logo atrás, com 67% dos empreendedores também declarando interesse em ampliar seus negócios.
Em todas as regiões, os investimentos se concentram em máquinas, equipamentos e reformas nos espaços de trabalho.
Especialista vê amadurecimento dos microempreendedores
Para Leonardo Loureiro, especialista em educação empresarial e gestão emocional, os dados refletem um avanço no perfil do microempreendedor.
Segundo ele, há uma mudança de postura entre os MEIs, que começam a estruturar melhor seus negócios para competir de forma mais eficiente.
“O pequeno empreendedor já percebeu que apenas trabalhar mais não é suficiente”, afirma Loureiro.
Ele observa que a melhoria na estrutura e o uso da tecnologia podem aumentar a produtividade e a qualidade dos serviços.
Com isso, os empreendedores conseguem se posicionar melhor no mercado e manter o negócio ativo por mais tempo.
Saúde mental segue fora da lista de prioridades
Apesar do avanço em outras frentes, o levantamento mostra que a saúde mental não está entre as áreas de investimento previstas pelos MEIs.
A ausência preocupa especialistas, principalmente após os dados divulgados pelo Ministério da Previdência Social sobre os afastamentos por transtornos mentais.
Em 2024, mais de 470 mil trabalhadores foram afastados por motivos como ansiedade, depressão e burnout.
O número representa um aumento de 68% em relação ao ano anterior.
A partir de 26 de maio de 2025, todas as empresas brasileiras — incluindo MEIs com funcionários — deverão implementar medidas de avaliação de riscos psicossociais.
Carga de estresse pode comprometer o negócio
Leonardo Loureiro alerta que o MEI costuma operar sozinho ou com equipes pequenas, enfrentando alto nível de estresse.
“Se não houver um equilíbrio emocional, os efeitos podem ser desastrosos, com queda de produtividade e decisões equivocadas”, explica.
Segundo ele, o impacto pode levar até ao fechamento precoce do negócio.
Para Loureiro, empreender exige resiliência, disciplina e estabilidade emocional.
“Se o empreendedor estiver sobrecarregado, dificilmente conseguirá sustentar o crescimento do negócio”, conclui.