mais
    HomePolíticaComo consolidar a virada pós-tarifaço que devolveu o fôlego ao governo –...

    Como consolidar a virada pós-tarifaço que devolveu o fôlego ao governo – CartaCapital

    PUBLICAÇÃO

    spot_img
    spot_img

    A política brasileira viveu uma reviravolta após dois embates decisivos. O primeiro ocorreu no Congresso Nacional, quando o presidente da Câmara, Hugo Motta, rompeu um acordo com o governo e derrubou o decreto do IOF, em julho de 2025, inviabilizando a política tributária defendida por Lula. O segundo veio de fora: em agosto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, em gesto de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

    A resposta do governo uniu dois eixos — defesa dos mais pobres e defesa da economia nacional — e, com isso, não apenas elevou a popularidade de Lula como recolocou a esquerda em posição de ataque, algo que não se via desde 2023.

    Os números confirmam o movimento. Segundo pesquisa Quaest/Genial, a aprovação de Lula subiu de 43% para 46% entre junho e agosto, enquanto a desaprovação caiu de 53% para 51%. A percepção de que o governo atual é melhor que o de Bolsonaro passou de 40% para 43%, enquanto a avaliação contrária caiu de 44% para 38%. Além disso, a taxa dos que declaram conhecer e votar em Lula saltou de 40% para 47%, ao passo que os que dizem não votar nele recuaram de 57% para 51%. A rejeição a Lula caiu de 41% para 39%, enquanto a de Bolsonaro subiu de 44% para 47%.

    O ponto central é que o governo deixou de esperar que bons indicadores econômicos — como queda da inflação dos alimentos, aumento do emprego e da renda — se traduzissem automaticamente em apoio político. A aposta foi na mobilização em torno de temas concretos, com forte apelo popular.

    O primeiro deles é a política tributária. A quebra do acordo sobre o IOF deu a Lula espaço para defender a taxação dos mais ricos e aliviar a carga da classe média. Assim, foi aprovada, sem alterações, a proposta que isenta do imposto de renda quem ganha até cinco salários mínimos e eleva a cobrança sobre o 1% mais rico — uma vitória reconhecida até pelo relator do projeto, Artur Lira.

    O segundo foi a reação às tarifas de Trump. A medida gerou uma frente ampla em defesa da economia nacional e isolou Bolsonaro, associado à ideia de submissão externa. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, visto como possível sucessor de Bolsonaro em 2026, se enfraqueceu ao apoiar publicamente o tarifaço. A repercussão foi tão negativa que ele permanece em silêncio, perdendo espaço político. A pesquisa Quaest mostra o desgaste: apenas 24% avaliam que Tarcísio agiu bem diante da crise, contra 35% que dizem o contrário. Já Lula tem aprovação de 44% e 46%, respectivamente, em sua condução do episódio. Entre os eleitores, 71% consideram Trump errado ao vincular as tarifas à defesa de Bolsonaro, enquanto apenas 21% concordam.

    No horizonte próximo, duas novas frentes podem consolidar essa estratégia de mobilização. A primeira é o enfrentamento com as big techs, impulsionado pelo debate sobre a exposição infantil nas redes. O projeto de lei aprovado no Congresso, que limita esse tipo de conteúdo e responsabiliza plataformas digitais, mostrou amplo respaldo social e abriu caminho para avançar em regulação digital e soberania tecnológica.

    A segunda é a agenda trabalhista. O fim da jornada 6×1 e a extensão de direitos para trabalhadores autônomos e de aplicativos — como motoristas, entregadores, camelôs e profissionais de serviços — têm potencial de gerar forte apoio social. Uma pesquisa do Centro de Análise da Sociedade Brasileira, com 5 mil entrevistados, revelou respaldo majoritário a essa pauta. O desafio é evitar que esse apoio se dilua no ambiente fragmentado das redes sociais. Se bem conduzido, o debate pode manter a associação entre nacionalismo e direitos sociais, historicamente central para a construção da hegemonia da esquerda no país.

    Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

    Informações são do site Carta Capital, Clique aqui

    spot_img
    spot_imgspot_img
    spot_imgspot_img
    spot_imgspot_img

    MAIS RECENTES

    Morre o cantor Mauri, irmão de Chitãozinho & Xororó, em acidente rodoviário

    O cantor Amauri Prudêncio de Lima, conhecido como Mauri, morreu neste domingo, 7, aos 55...

    Suspeitos armados roubam 35 armas e munições de empresa de segurança em Sp

    Suspeitos armados roubaram, na manhã deste domingo (7), 35 armas e munições de uma...

    Venezuela recruta mais 5.600 soldados ante ‘ameaças’ dos EUA

    As Forças Armadas da Venezuela incorporaram 5.600 soldados às suas fileiras neste sábado 6, em...

    Entenda quais as chances dos Estados Unidos atacarem a Venezuela

    As tensões entre Estados Unidos e Venezuela viveram uma escalada nos últimos dias com...

    Mais Notícias

    Morre o cantor Mauri, irmão de Chitãozinho & Xororó, em acidente rodoviário

    O cantor Amauri Prudêncio de Lima, conhecido como Mauri, morreu neste domingo, 7, aos 55...

    Suspeitos armados roubam 35 armas e munições de empresa de segurança em Sp

    Suspeitos armados roubaram, na manhã deste domingo (7), 35 armas e munições de uma...

    Venezuela recruta mais 5.600 soldados ante ‘ameaças’ dos EUA

    As Forças Armadas da Venezuela incorporaram 5.600 soldados às suas fileiras neste sábado 6, em...